quinta-feira, 30 de abril de 2015
A CENA QUE FALTOU NA 'PEÇA' DO SECRETÁRIO VIEGAS
O autor e ator Sébastian Thiéry subiu ao palco dos prémios Molière e discursou absolutamente nu perante a ministra francesa da Cultura, Fleur Pellerin, em protesto pelas condições de trabalho dos autores de teatro
quarta-feira, 29 de abril de 2015
PORTUGAL XXI
"Qualquer Estado possui uma dimensão criminosa intrínseca".
Não é necessário ler Alain Badiou para se chegar a esta conclusão.
Basta um olhar breve sobre a história de Portugal, sobretudo a dos séculos XX e XXI.
terça-feira, 28 de abril de 2015
OCEANÁRIO DE LISBOA
«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.»
José Saramago - "Cadernos de Lanzarote", - Diário III
segunda-feira, 27 de abril de 2015
OS CÃES E OS GATOS FORA DA SUA ZONA DE CONFORTO
Portugal exporta cão para a Coreia e Filipinas
Cães e gatos passaram a ser exportados para a Coreia do Sul ou as Filipinas, países onde algumas raças deste tipo de animais são servidas como iguarias culinárias. Contudo o governo garante que são vendidos como animais de companhia.
EXPRESSO
(Bom, estar dentro de uma travessa saída do forno, em cima da mesa de jantar, à espera da faca e do garfo dos comensais, talvez possa ser considerado como uma forma de companhia...)
Cães e gatos passaram a ser exportados para a Coreia do Sul ou as Filipinas, países onde algumas raças deste tipo de animais são servidas como iguarias culinárias. Contudo o governo garante que são vendidos como animais de companhia.
EXPRESSO
(Bom, estar dentro de uma travessa saída do forno, em cima da mesa de jantar, à espera da faca e do garfo dos comensais, talvez possa ser considerado como uma forma de companhia...)
A DESCONFIANÇA NO MUNDO - Sobre a corrupção em democracia
"O PT exauriu-se, esgotou-se. Olha o caso da Petrobras. A gente não acha que o PT inventou a corrupção, mas roubaram demais. Exageraram. O projeto deles virou projeto de poder pelo poder"
Carlos Lupi
Brasil Post
domingo, 26 de abril de 2015
DE OUTROS
Em democracia nem a imbecilidade vai ao visto prévio
Ao contrário do que acontecia no Estado Novo, em que o direito à imbecilidade só era garantido a quem alinhasse na União Nacional, 41 anos após o 25 de Abril constatamos que, além da liberdade de reunião e de manifestação, de pensamento e de opinião, de imprensa e de expressão, entre tantas outras conquistas, também garantimos a liberdade de burrice. Em democracia é assim, há espaço para tudo sem o receio de ir bater com as costas no Aljube.
Foi o que nos mostraram esta semana alguns deputados dos chamados partidos do arco da governação - PSD, CDS e PS.
Nuno Saraiva
DN
«O CDS, o PSD e o PS deram esta semana provas de um transtorno mental, que não anuncia nada de bom. Não se sabe como, nem porquê, entrou em certas cabeças destas distintas entidades a ideia de censurarem (e dirigirem) a televisão e a imprensa durante a campanha eleitoral para as legislativas. Perante o berreiro, os responsáveis juraram logo que se tratava de uma brincadeira. Seja como for, resta que três criaturas sem coisíssima nenhuma que as recomende acharam sensato e permissível suspender a seu benefício uma liberdade fundamental.»
Vasco Pulido Valente
Público
sábado, 25 de abril de 2015
sexta-feira, 24 de abril de 2015
MISTURAS EXPLOSIVAS
Pelas feéricas cabecinhas dos deputados do PSD, PS e CDS passou a ideia, em formato de projecto de lei, de obrigar os media a apresentar planos prévios de cobertura de campanhas eleitorais a uma comissão mista, antes mesmo de terminar o prazo para entrega das candidaturas.
O simples facto de a ideia ter existido deveria levar à imediata proibição da venda de bebidas alcoólicas no restaurante e no bar do Parlamento.
Pois bem, não só isso não aconteceu como os senhores deputados se preparam para a discussão e votação de uma proposta do BE que pretende legalizar a plantação de canábis para consumo próprio.
Teme-se o pior.
quinta-feira, 23 de abril de 2015
quarta-feira, 22 de abril de 2015
DE OUTROS
Naufrágios
por VIRIATO SOROMENHO MARQUES
DN
terça-feira, 21 de abril de 2015
A MALDIÇÃO DAS BIBLIOTECAS
«Mas há por aí muita gente estúpida que quando entra no meu apartamento exclama: 'Oh, tantos livros! Leu-os todos?»
(...)
«Há três respostas. A primeira é: 'Li muitos mais'. A segunda é: 'Não li nenhum, senão porque os guardaria?'. E a terceira é: 'Não, mas tenho de os ler na próxima semana'. Uma biblioteca não é um repositório dos livros que já lemos. É também o lugar onde guardamos os livros que iremos ler.»
Umberto Eco
'E'/ Expresso
segunda-feira, 20 de abril de 2015
DE OUTROS
Pois bem: os pressupostos do AO90, agora que ele se encontra disseminado à força (embora sem ser, ainda, lei), foram gorados na sua quase totalidade. Pretendia-se pôr fim a uma “deriva ortográfica”, mas no lugar onde havia duas ortografias de base geográfica bem determinada (a luso-africana e a brasileira) existem agora três ortografias, as anteriores e a do acordo, que conseguiu até o prodígio de tornar diferentes mais de meio milhar de palavras que em Portugal e no Brasil se escreviam da mesma maneira; além disso, com a admissão de duplas grafias e facultatividades perdeu-se a noção de ortografia, não sendo possível, em exames, alunos e professores entenderem-se quanto às normas. Se ortografia “à vontade do escrevente” é admissível, a ortografia acabou. E qualquer acordo será inútil.
Por outro lado, havia a miragem dos mercados. O governo de Sócrates, ao longo da sua existência, recorreu a dois estratagemas para acelerar o acordo: aprovou, logo em 2005, o 2.º Protocolo Modificativo do AO para que pudesse ser aplicado só com a ratificação de três países, dispensando o apoio dos restantes signatários do tratado original; e, em 2011, já de saída do poder, antecipou em vários anos a sua aplicação no Estado (para Janeiro de 2012) e nas escolas (no ano lectivo de 2011/2012). Esta “pressa” tinha por objectivo selar um acordo político entre Portugal e o Brasil, dispensando o resto. Mas os que, dali, esperavam benefícios rápidos esmoreceram. Não existe hoje um mercado “comum” de edições, como falsamente se propagandeou. E a confusão de grafias com as novas regras só tem estimulado a “deriva” que se criticava, multiplicando os erros.
Editorial do Público
PELA LÍNGUA PORTUGUESA
A obrigatoriedade do uso do Acordo Ortográfico de 1990 (AO) no ensino e na administração pública deve ser imediatamente suspensa, e a sua eventual aplicação em Portugal deve ser depois submetida a referendo. É o que defende uma moção aprovada no fórum Pela Língua Portuguesa, diga NÃO ao ‘Acordo Ortográfico’ de 1990, que decorreu na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) no dia 14 de Abril.
Público
sábado, 18 de abril de 2015
CULTURA E TESÃO
Segundo Francisco José Viegas, guru de Passos Coelho para as questões culturais e ex-secretário de Estado da Cultura,"O Estado não dá tesão."
Tem o Viegas toda a razão. Um Estado governado por gentalha que decreta o fim do Ministério da Cultura provoca disfunção eréctil em qualquer mortal que aspire a saber mais do que "ler, escrever e contar".
VELHOS PROJECTOS
Os pilotos da TAP querem, hoje, o que sempre quiseram: transformar o Sindicato dos Pilotos em Grémio dos Pilotos.
sexta-feira, 17 de abril de 2015
DE OUTROS
«Pior ainda: no meio da sua preocupação com o bem-estar dos portugueses (que, aliás, morrem no desemprego e na miséria) e do seu amor ao viçoso crescimento da nossa querida juventude, o Estado permite a ascensão e a influência das “mocidades” partidárias. Um menor está impedido de comprar tabaco, de beber álcool, de se casar sem a autorização dos pais. Desde os 14 anos não está, em contrapartida, impedido de escolher qual o regime que melhor convém à sua doce pátria e as políticas mais capazes de a salvar e modernizar. Para essas actividades menores, nem o Governo, nem os partidos o consideram irresponsável ou inepto. Depois de beber o seu leitinho ou a sua limonada sob a vigilância da polícia e provar (com testemunhas) que nunca comprou um único cigarro, a criancinha irá daqui em diante pastorear o povo no exercício dos seus plenos direitos.»
Vasco Pulido Valente
Público
Vasco Pulido Valente
Público
O PAÍS
DOS JORNAIS:
- "Governo corta 600 milhões nas pensões"
- "Governo só garante fim da sobretaxa de IRS e cortes salariais em 2019"
- "Com as eleições legislativas a aproximarem-se, o PSD sobe este mês 1,5% nas intenções de voto"
DA CANÇÃO:
"Heróis da trampa, povo de eunucos, nação merdosa, imortal"
- "Governo corta 600 milhões nas pensões"
- "Governo só garante fim da sobretaxa de IRS e cortes salariais em 2019"
- "Com as eleições legislativas a aproximarem-se, o PSD sobe este mês 1,5% nas intenções de voto"
DA CANÇÃO:
"Heróis da trampa, povo de eunucos, nação merdosa, imortal"
quinta-feira, 16 de abril de 2015
quarta-feira, 15 de abril de 2015
DE OUTROS
«As presidenciais vão ser o momento onde nos veremos livres daquele espectro que assola a política e que nos envergonha tanto ou mais do que PPC. E isso, só por si, é uma boa notícia.»
José Vítor Malheiros
Público
MAIS UM CANDIDATO PRESIDENCIAL
«Serei um digno sucessor da cavacal e tétrica figura e garantirei a evolução na continuidade.»
Emplastro
terça-feira, 14 de abril de 2015
DE OUTROS

OPINIÃO
Até onde queremos saber?
por VIRIATO SOROMENHO-MARQUESHoje
A conferência de imprensa dos advogados de José Sócrates coincidiu com a intensificação do caso BES, alargado à Suíça, e com uma crescente contestação na rua dos lesados. De acordo com Pedro Delille, o seu cliente usaria os envelopes carregados de dinheiro do seu amigo Santos Silva por não "confiar" nos bancos. Afinal, o homem que como primeiro-ministro nunca pareceu hesitar em intervir na administração e nas guerras internas dos bancos seria, no fundo do coração, um Bakunine anticapitalista. Por outro lado, o inquérito parlamentar ao caso BES revelou a ruinosa iliteracia de Ricardo Salgado (baralhando, arrogantemente, "mil milhões" com "biliões"...) e da corte de pequenos e médios figurantes amnésicos à sua volta. A defesa de José Sócrates, sem prejuízo do princípio da presunção de inocência, parece tornar cada vez mais credível a possibilidade de o país ter tido à frente do governo, durante seis anos, alguém sem qualificações éticas ou substantivas para o cargo. Ricardo Salgado e José Sócrates não atuaram sozinhos. Chefiaram redes de poder e compromisso com ramificações partidárias e económicas transversais. A sua ação foi acompanhada por dezenas de coautores diretos. A pergunta que devemos fazer não é a de saber se alguma vez estes homens dirão tudo o que sabem. A pergunta correta é a de saber quantas pessoas e forças estão interessadas em garantir que eles permaneçam em silêncio. E nós, os cidadãos comuns, estaremos em condições, até psicológicas, de suportar toda a verdade? Teremos a coragem de arcar com todas as consequências se se confirmar que, afinal, a nossa democracia foi impotente para impedir que o nosso sistema político e económico tivesse sido capturado por inimigos do interesse público?
DN
segunda-feira, 13 de abril de 2015
A GRANDE OBRA DO MINISTRO 'COMPETENTE'
“Já dissemos a doentes com cancro que há medicamentos que não estão disponíveis”
Nova presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia considera que falta dinheiro para tratar o cancro em Portugal. Para Gabriela Sousa só a dedicação dos profissionais de saúde ajuda a que os resultados não sejam piores.
Público
domingo, 12 de abril de 2015
sexta-feira, 10 de abril de 2015
TECNO-FUNDOS
quinta-feira, 9 de abril de 2015
TECNO-PORTEIROS
As portas abertas por Rogério Gomes junto do Governo
por Miguel Marujo e Valentina Marcelino

Passos Coelho esteve presente no lançamento do Instituto de Rogério Gomes, seu ex-patrão, em 2012Fotografia © Dário Cruz / Público
O coordenador do programa eleitoral do PSD preside a um instituto que foi contratado, por 61 mil euros, como consultor do Instituto Português do Desporto e Juventude, tutelado pela Presidência do Conselho de Ministros
Rogério Gomes é o homem que, na semana passada, surgiu numa conferência de imprensa na sede do PSD, em Lisboa, para antecipar linhas-chave do programa eleitoral do PSD para 2015. Desconhecido do grande público, este professor universitário coordena o Gabinete de Estudos social-democrata e é descrito como muito próximo do primeiro-ministro. Não é de agora a relação entre Rogério Gomes e Pedro Passos Coelho: o primeiro deu emprego ao segundo em 2003 e 2004; Passos, já como líder do PSD, levou Gomes para a Comissão Política Nacional em 2010.
Já depois do governo tomar posse, Rogério Gomes fundou o Instituto do Território (IT), que estendeu as suas atividades por diversas áreas de atividade, da educação à economia, do urbanismo aos desportos aquáticos. E esta presença em vários setores do Estado já chamou a atenção do grupo parlamentar do PCP, em janeiro de 2013, e, segundo fontes das direções intermédias dos ministérios que têm acompanhado a situação, causou também "algum incómodo" pela sua ligação, por vezes invocada, ao PSD.
Um dos mais recentes exemplos é o contrato por ajuste direto de quase 61 mil euros do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), na tutela na Presidência do Conselho de Ministros, para "assessoria e consultadoria" pelo IT.
DN
quarta-feira, 8 de abril de 2015
terça-feira, 7 de abril de 2015
DE OUTROS

Os donos do jogo
por VIRIATO SOROMENHO-MARQUES
O aparecimento de potenciais candidatos presidenciais à esquerda, como Henrique Neto ou Sampaio da Nóvoa, tem provocado reações desproporcionadamente violentas por parte de dirigentes socialistas como Augusto S. Silva e Sérgio S. Pinto. Na verdade, essas reações parecem ser sintomas do mal-estar que campeia no Largo do Rato. Em primeiro lugar, quem confunde envolvimento na política com militância partidária (argumento usado contra Sampaio da Nóvoa) trai uma atitude feudal acerca das competências requeridas para o exercício da cidadania. A Constituição não exige a um candidato presidencial qualquer licença "profissional" passada pelos partidos.
(...)
Não admira, pois, que a coligação de direita, a mesma que funcionou como um cruel instrumento dos credores, resista nas sondagens. É um escândalo que se fica a dever à incompetência dos "profissionais" partidários. Os mesmos que transformaram a política nacional num pântano, cujo saneamento exigirá, provavelmente, mais do que a imolação de alguns potenciais candidatos independentes.
DN
segunda-feira, 6 de abril de 2015
domingo, 5 de abril de 2015
sexta-feira, 3 de abril de 2015
DE OUTROS

Um homem que não é exemplo para ninguém
por FERREIRA FERNANDES
O neto possui aquela arte do frasear curto: "O Manoel teve uma grande vida", disse ontem. E não, não era a quantidade dos 106 anos a justificar a inveja que ontem inundou Portugal. Sendo a inveja o pecado menos confessado, talvez muitos não tivessem dado por isso. Eu dei. Ainda há meia dúzia de anos, saltou ele de um táxi de forma tão lesta que o invejei. "Até nisso...", roí-me. A questão é que ele chegou a velho e nunca foi velhinho, e foi mais do que centenário para parar de trabalhar aos 105. Tanta duração com cada segmento dela - da juventude a centenário - propiciando aos outros o azedume: "Sortudo..." Por ter tido um pai rico, o primeiro fabricante de uma lâmpada portuguesa. Por ter uma cidade com pontes de ferro e o Douro, e a sageza de lhe ver a luz e a amar. Por ser um diletante corredor de automóveis e, porque o irmão era melhor (Casimiro de Oliveira, piloto da Ferrari), ter optado por outros pódios. Por a cidade que lhe calhou ser a de Júlio Resende e de Agustina e ele ter sabido o que o granito molhado faz com isso. Por aos 30 ser belo como uma personagem fútil de Fitzgerald e guardar o olhar limpo para contar os miúdos da Ribeira. Por saborear a lentidão porque não se pode aviar uma nesga do Alto Douro. Por rodear-se de Deneuve e Piccoli e sentir-se neles a honra. Por colher honras que plantou com faina. Por não ser exemplo para ninguém, porque os deuses não são generosos. De vez em quando escapa--lhes uma vida assim, é o que é.
DN
quinta-feira, 2 de abril de 2015
ARES DOS TEMPOS
Não nos bastava a Maria Luís com a teoria salazarenta da fome na rua, dinheiro nos cofres. Veio agora uma alimária, no papel de narrador e a propósito de uma decisão do árbitro do jogo de futebol Portugal-Cabo Verde, transmitido pela RTP, lembrar aos portugueses: "Manda quem pode, obedece quem deve. Assim é que é".
O mundo está perigoso.
O mundo está perigoso.
FUTURO
«Não me vejo como Líder do PSD» disse Maria, ao 'Sol'.
Eu também não. Até a vejo mais como mulher-a-dias do senhor Schauble, a lavar com Harpic as louças da casa de banho.
quarta-feira, 1 de abril de 2015
DE OUTROS
A verdadeira lista VIP
31.03.2015
MARIANA MORTÁGUA
Faz agora um ano. Foi no dia 16 de abril que o ministro da Defesa saiu do seu gabinete para se deslocar à base naval do Alfeite. O dia estava cinzento, mas não era o conforto do Sol ou a brisa do Tejo que Aguiar-Branco procurava. Estava em causa a apresentação do primeiro drone português. O momento foi tratado com a pompa que merece uma visita ministerial, dada a circunstância ser o apadrinhamento de uma empresa nacional pelo Governo. Lembram-se deste momento? O vídeo circulou por todo o lado, não tanto pelo extraordinário fulgor do engenho nacional, mas porque a maquineta tinha aspirações a submarino, e não chegou a voar mais de dois metros antes de se afundar no Tejo.
O vídeo tornou-se imparável, até porque tem piada. O que verdadeiramente levou o ministro ao Alfeite é que não tem graça nenhuma. A revista "Sábado" levantou um pouco o véu. A empresa em causa, Tekever, é gerida por um antigo assessor de Aguiar-Branco chamado Adão da Fonseca, que já que antes tinha estado na Empordef, nomeado por Aguiar-Branco.
Este é apenas um pequeno, pequeníssimo, exemplo da dança de cadeiras que compõe a verdadeira lista VIP que governa o país. Nestas nomeações, nestas empresas, escolhidas a dedo para viajar com o ministro certo, há negócios de milhões. Negócios que passam quase sempre pelos grandes escritórios de advocacia. Como o do advogado Aguiar-Branco, cujas operações, revela a mesma revista, seguem demasiado atentamente a agenda do ministro Aguiar-Branco.
Em outubro de 2014, o ministro foi à Colômbia. Uma semana antes, o seu escritório tinha promovido um seminário sobre oportunidades de investimento na Colômbia. Em janeiro de 2015, o ministro deslocou-se ao Peru. Três meses mais tarde, o escritório anunciava um parceiro peruano.
O labirinto de ligações e nomes cruzados entre os interesses do escritório de advogados e a promoção empresarial efetuada pelo ministro só não provocam mais escândalo porque neste país a constante porta giratória entre interesses privados e governantes já nos habituou ao pior. Há casos para todos os gostos, do BES à EDP.
Esta lista VIP adora criticar o Estado. Chama gorduras aos serviços públicos, enquanto proclama a libertação da economia da regulação estatal. Nos entretantos, lá vai assinando mais um contratozinho e capturando mais uma nomeação para levantar mais uma carreira.
Por tudo isto, quando ouvir dizer que a lista VIP tem apenas quatro nomes, não acredite. A verdadeira lista VIP de Portugal tem quase 40 anos e muito mais linhas.
JN
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