segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

OS GRANDES FEITOS DO FASCISMO 'MANSO'

Salazar, obviamente, não foi contra a execução de Delgado

por João Céu e SilvaHoje
O general Humberto Delgado fardado a rigor numa fotografia inédita
O general Humberto Delgado fardado a rigor numa fotografia inédita
Operação de encobrimento do assassínio do general só termina, dizem historiadores, quando se souber o papel do ditador.
Há exatamente 50 anos, a brigada composta por quatro elementos da polícia política ultimava a Operação Outono, o nome de código para a neutralização definitiva de Humberto Delgado. O general que provocara o maior estremeção ao regime e a Salazar, durante o seu longo mandato, ao concorrer às eleições em 1958 e ter provocado um levantamento nacional contra o regime como nunca antes fora visto ou sufragado nas urnas.
A brigada deixou Lisboa na tarde do dia 12 de fevereiro em dois carros, um Opel com matrícula EI-44-39 e um Renault IA-65-40, munida de documentos falsos. O objetivo dos agentes era passar por opositores ao regime do Estado Novo num encontro marcado com o general para a tarde do dia seguinte. A viagem fez-se em duas etapas, a primeira até uma pensão em Reguengos de Monsaraz, onde dormem. Na manhã seguinte completam a viagem, passando a fronteira no posto de São Leonardo, onde mudam as matrículas das viaturas por outras, falsas.
O responsável pela brigada da PIDE era o agente Rosa Casaco, que dias antes tinha sido chamado ao gabinete do diretor-geral da polícia política para receber ordens e fazer-se passar por coronel do Exército no encontro com Delgado. Numa entrevista dada em 2006, Rosa Casaco defendia-se do seu papel no assassínio do general afirmando que este já não era um perigo no ano de 1965, confissão posterior que não evitou no dia 13 de fevereiro de 1965 que ele e os três homens sob o seu comando abandonassem os arredores de Badajoz após terem executado o oposicionista, bem como a secretária, e enterrado os seus corpos nos campos de Los Almerines.
DN