terça-feira, 22 de julho de 2014

CPLP - COMUNIDADE DE PAÍSES DE LÍNGUA DO PITROL

«O primeiro-ministro português defendeu esta terça-feira que Portugal ficaria isolado caso se opusesse ao alargamento da CPLP e argumentou que não pode haver duas palavras quanto às condições de entrada, considerando que a Guiné Equatorial deve ser admitida.»
Jornal de Negócios

E a propósito:

ONG acusa Lusofonia de ceder a interesses com adesão da Guiné Equatorial



Lisboa, 15 jul (Lusa) -- A organização não-governamental Transparência e Integridade alertou hoje que a possível entrada da Guiné Equatorial para a CPLP será a capitulação da entidade lusófona perante "os interesses petrolíferos de um punhado de oficiais corruptos".
Na nota, a ONG Transparência e Integridade -- Associação Cívica referiu que apesar dos protestos da sociedade civil e das provas reunidas pelas organizações internacionais sobre a corrupção e violação dos direitos humanos na Guiné Equatorial, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa irá permitir a adesão daquele país ao bloco lusófono.
"(...)Os chefes de Estado e de Governo dos oito atuais membros da CPLP não dão quaisquer sinais de sensibilidade às preocupações dos cidadãos e preparam-se para consagrar a adesão do regime do ditador Teodoro Obiang, aliás já recomendada pelos ministros dos Negócios Estrangeiros da Comunidade", durante a cimeira do bloco, que acontece no próximo dia 23 de julho, em Díli, referiu o documento.
De acordo com o comunicado, "a comissão de preparação da cimeira de Díli, sintomaticamente, é presidida por Luís Amado, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros português e atual presidente do Banif, banco que anunciou já uma tomada de posição relevante da Guiné Equatorial no seu capital".
Para a ONG, esta adesão, "decidida ao arrepio e nas costas da sociedade civil" dos países de língua portuguesa, é uma violação gritante dos estatutos da CPLP e explica-se pelas "reservas petrolíferas da Guiné Equatorial" e por uma alegada tentativa de "membros da elite política e económica da CPLP" para criar "um bloco energético que use os negócios do petróleo para alimentar o seu poder pessoal e os mecanismos de corrupção de que têm beneficiado ilegalmente".
Segundo o documento, "não por acaso, o Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, é o mais entusiástico defensor desta adesão, que somaria Obiang a uma esfera de influência pessoal que se faz sentir entre a elite política portuguesa e junto de outros países lusófonos com interessantes reservas de petróleo e gás, como São Tomé e Príncipe ou Timor-Leste.
Teodoro Obiang e José Eduardo dos Santos ocupam o cargo de Presidente, nos seus respetivos países, desde 1979.
"O próprio primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, defendeu recentemente uma 'lusofonia energética' para explorar o facto de 25% de todas as novas descobertas de petróleo e gás desde 2005 terem tido lugar em países de língua portuguesa", indicou a ONG, acrescentando que com este tipo de afirmação, Passos Coelho mostra "de que lado está".
São precisamente os negócios petrolíferos que estão no centro de suspeitas de enriquecimento ilícito e corrupção de altos responsáveis nos países lusófonos, de acordo com a Transparência Internacional.
Bens da família presidencial da Guiné Equatorial foram apresados em França e nos Estados Unidos por suspeitas semelhantes, sendo alvo de investigações nestes dois países, assim como na justiça brasileira.
A ONG Transparência e Integridade -- Associação Cívica é a representante em Portugal da rede de ONG anticorrupção Transparência Internacional.
CSR // APN
Lusa/fim