terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

UM IMENSO ADEUS

No dia 4 de Janeiro de 2005, no aeroporto de Maputo, tive um encontro imediato de terceiro grau com um monstro sagrado: Mário Coluna.
Fui o primeiro passageiro a sair do avião e, sem o problema das bagagens, fui o primeiro a chegar à porta de saída. O Coluna estava lá e, talvez por ter sentido o cheiro de um benfiquista, prendou-me com um simpático 'boa tarde'. Parei, inclinei ligeiramente a cabeça em sinal de respeito e respondi: 'boa tarde, velha glória'. Vi-lhe um sorriso aberto quando me respondeu 'muito obrigado'.
A conversa ficou por aqui porque a minha timidez inchou até à cobardia. Ficou por dizer quanto me encantava a sua arte a mover os cordelinhos de uma equipa, de jogar como um príncipe e obrigar os outros a imitá-lo. Ficou por contar os gritos  e os saltos de alegria que dei quando ele marcou  os dois terceiros e monumentais golos, nas finais europeias de 61 e 62, com o Barcelona e o Real Madrid. Não agradeci - e devia ter agradecido -  o autógrafo que me deu, muito mais lá para trás, em Ferreira do Alentejo, na Estalagem Eva, depois do almoço que antecedeu a abada de 8-1 com que o Benfica despachou o Desportivo de Beja, num jogo da taça de Portugal.
Tudo isso silenciei e digo agora. Mas agora é tarde.