terça-feira, 24 de setembro de 2013

HÁ MORTES QUE ME CHATEIAM


Ali está o "Vinte Anos e Um Dia". Ali está o "Bastardos do Sol". Ali está o "Volante Verde". Ali está "O Ano da Morte de Ricardo Reis". Tantos outros...  Aguardam vez. (Re)leituras adiadas pela urgência do coice nos sacos de alfarroba, pela necessidade da denúncia do neonazismo 'linha zero', pela imposição da gargalhada assassina nas ventas de um semi-analfabeto travestido de neoliberal de pacotilha, pelo imperativo do grito de revolta perante a 'solução final' decretada para os velhos e fracos, pela depressão causada por ver um país classificado 'abaixo de lixo', enfim, pelos instintivos gestos de sobrevivência no meio da  merda que nos envolve e nos afoga.
E, de repente, um sobressalto: morreu o Saramago. E outro: morreu o Jorge Semprún. E outro: morreu o Urbano. E outro, ainda: morreu o Ramos Rosa...
Foda-se, pá.
Eu sei que eles cumpriram uma vida. Sei que eles ali continuam, na estante, ao alcance da mão. Sei que posso cruzar-me com eles em qualquer biblioteca pública, mas insisto: foda-se, pá! Há mortes que me chateiam!