Controlinveste vendida em bloco a fundo de capital de risco
António Mosquito, empresário angolano, fica com 51% do
capital. BCP, BES, bancos credores do grupo e Joaquim Oliveira com 49%
Agora é de vez. O grupo Controlinveste, proprietário do
"Diário de Notícias", do "Jornal de Notícias", de "O
Jogo" e da rádio TSF, foi vendido a um grupo de capital de risco em que a
maioria do capital fica nas mãos de António Mosquito, empresário angolano, com
51%, e os restantes 49% na posse do BCP, do BES, dos bancos credores do grupo e
de Joaquim Oliveira, presidente do conselho de administração.
O i sabe que as negociações se desenvolvem
há vários meses lideradas essencialmente pelo BCP, o banco que detém os maiores
créditos sobre a Controlinveste desde 2005, altura em que a Portugal Telecom
decidiu vender os referidos jornais e a rádio a Joaquim Oliveira. O BCP, cujo
maior accionista é a Sonangol, representada na administração por Carlos Dias,
há muito que tinha o dossiê Controlinveste entre os mais difíceis de resolver
pela incapacidade total de ver não só amortizada a dívida como o próprio
pagamento de juros. Os períodos de carência foram--se prolongando no tempo até
ao momento em que, com a entrada do Estado no capital do banco e a
reestruturação imposta pela troika, se tornou inevitável encontrar uma solução.
A criação deste novo fundo de
capital de risco vai implicar, a curto prazo, a venda de activos do grupo que
podem servir para amortizar a dívida, casos do "Jornal de Notícias",
do desportivo "O Jogo" e da rádio TSF.
Já o "Diário de
Notícias" é diferente. Com quebra de vendas e de publicidade muito
acentuadas nos últimos anos, o jornal será, em conjunto com os outros títulos,
sujeito a uma profunda reestruturação, que implicará a dispensa de muitos
colaboradores.
O i sabe também que o novo fundo de
capital de risco aponta para uma saída de cerca de 200 colaboradores da
Controlinveste, com uma incidência particular no diário da Avenida da
Liberdade. Além da saída de colaboradores, outra matéria que está cima da mesa
é a substituição da actual direcção, liderada pelo jornalista João Marcelino.
QUEM É ANTÓNIO MOSQUITO O
empresário angolano António Mosquito está ligado ao sector petrolífero e da
distribuição automóvel, com a representação das marcas Volkswagen e Audi em
Angola. Em 2007 esteve também envolvido na entrada da Caixa Geral de Depósitos
em Angola, projecto que viria a cair anos mais tarde.
Segundo o "Africa
Monitor", a paixão de António Mosquito é o sector mineiro, os diamantes em
particular. A inclinação foi conhecida há cerca de 15 anos, quando ante uma
hipótese de alienação da participação da SPE-Sociedade Portuguesa de Empreendimentos
na SML-Sociedade Mineira do Lucapa, apresentou-se como candidato ao negócio. O
IPE, entidade que então geria as participações do Estado português, de cujo
universo fazia parte a SPE, deu-lhe preferência, mas o negócio acabou porque o
governo português recuou na intenção de se retirar do sector dos diamantes em
Angola
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