quinta-feira, 6 de junho de 2013

ARTES E ARTISTAS

Herdeiros que venderam pintura protegida a Pais do Amaral sentem-se "lesados" pelo Estado

Família diz que preço de venda a Pais do Amaral foi condicionado pelo facto de a obra não poder sair de Portugal.
Durante largas décadas, a pintura renascentista Virgem com o Menino, de Carlo Crivelli, esteve na família do político e escritor açoriano Caetano Andrade de Albuquerque Bettencourt. E chegou ao século XXI nas mãos de dez herdeiros, que dizem ao PÚBLICO ter tentado há cinco anos que o Estado comprasse esta obra protegida e impedida de sair de Portugal. O Estado terá declinado a proposta e rejeitado a desclassificação da peça.
A venda ao empresário Miguel Pais do Amaral, depois disso, viria a resultar na saída da valiosa obra para França em 2012, como o PÚBLICO noticiou, para perplexidade deste grupo de herdeiros, que se sente “lesado” pela aparente alteração da posição do Estado perante a pintura.
Como o PÚBLICO noticiou terça-feira, a Virgem com o Menino, Santo Emídio, São Sebastião, São Roque, São Francisco de Assis e o Beato Tiago da Marca (1487), do mestre veneziano Crivelli (1430-1495), saiu de Portugal em 2012 com uma oferta de compra de cerca de três milhões de euros.
A Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), à época dirigida por Elísio Summavielle, terá dado um parecer negativo ao pedido de saída da pintura de Carlo Crivelli devido à sua protecção legal, disse ao PÚBLICO Summavielle. Quando subiu à tutela, a Secretaria de Estado da Cultura do Governo de Passos Coelho, então encabeçada por Francisco José Viegas, terá tomado a decisão que possibilitou esta saída. Viegas disse ao PÚBLICO que este “foi um processo normal”.
Público