terça-feira, 28 de maio de 2013

DE OUTROS

Cavaco Silva não é palhaço, mas é um político cobarde

O meu problema com o palhaço é a falta de precisão do termo. A palhacite, aguda ou moderada, é um conceito demasiado gasoso. Prefiro termos com mais sustança. Cobardia, por exemplo. Ao contrário da palhacite, a cobardia política é algo que podemos medir com algum grau de precisão. E, por amor a Nossa Senhora, reparem bem no termo: cobardia política. Não está em causa a pessoa, mas o político. Como pessoa, como pai, marido ou avô, o Dr. Anibal será, com certeza, um herói, um Rambo da vida doméstica, um Chuck Norris da intimidade, um Titã do miminho. Mas, como político, Cavaco Silva tem sido o leãozinho amarelo de Oz.

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Para mal dos nossos pecados, esta não é a primeira vez que Cavaco Silva usa a falácia do bom-nome : no caso BPN, nunca deu as respostas certas, aliás, nunca quis ouvir as perguntas . Agora, usa o argumento da "honra ofendida do chefe de estado". O Presidente em exercício parece partir do pressuposto de que Cavaco e Portugal são sinónimos e, assim, transforma qualquer ataque a Cavaco numa ofensa a Portugal. Ora, convém relembrar que o Dr. Cavaco não é um rei, não é um símbolo, não é o imperador do Japão, não é um ser longínquo e semi-divino acima da batalha política. O Presidente em exercício é um político profissional, foi eleito pelos portugueses e tem uma enorme influência nos destinos do país. Neste sentido, está mais do que inserido no campo de tiro da crítica e da sátira. Um ataque a Cavaco não é um ataque à Presidência, ao regime, ao país. Aliás, um ataque a Cavaco até pode ser uma defesa do regime e um atestado de patriotismo. 

Henrique Raposo
Expresso