FALAR PARA OS SIMPLES

Marcelete, o comentador pop, sabe muito bem usar linguagem popular acessível a qualquer mortal. Usou-a, por exemplo, no 'Expresso', quando chamou 'Lelé da cuca' ao patrão Balsemão e, na TVI, quando o interlocutor era Júlio Magalhães, recorreu mesmo com frequência à ordinarice do 'Não lembra ao careca' (expressão que abandonou quando passou a ter como 'partenaire' a mulher do 'Careca do Benfica').
Mas nem sempre é assim. Ontem, em defesa desesperada da criatura que o escolheu para conselheiro de Estado, preferiu linguagem mais elaborada e disse: 'Cavaco tem uma visão minimalista dos poderes presidenciais', quando podia  ter dito, simplesmente: 'Tal como Salazar, e com um governo laranja e uma maioria de amigos na assembleia nacional, Cavaco acha que o presidente não passa de um verbo de encher'.
Era mais simples e os simples percebiam melhor.