segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

'MERCADOS' À PORTUGUESA


Os nossos banqueiros são de confiança?

Quanto aos escândalos, façamos um esforço de memória. Em 2003, Tavares Moreira, presidente não executivo do CBI, é suspenso pelo Banco de Portugal de exercer funções em conselhos de administração de empresas financeiras sob a acusação de declarações falsas, manipulação e falsificação de contas (em 2006, o Ministério Público arquivou o processo).
João Rendeiro, ex-presidente do BPP, que em dezembro de 2008 pediu uma ajuda estatal de 750 milhões para salvar o banco, é acusado pela CMVM de criação de títulos fictícios, violação de deveres relativos à qualidade de informação prestada aos clientes, entre outras irregularidades graves e muito graves.
José Oliveira e Costa, ex-presidente do BPN, foi detido no final de 2008. Há dois anos que está a ser julgado por sete crimes, devido a ter criado uma contabilidade paralela num banco virtual. A fatura para os contribuintes ronda neste momento os 6000 milhões de euros.
Jorge Jardim Gonçalves, presidente do BCP, acaba de ser condenado a pagar uma coima de um milhão de euros pelo crime de manipulação de mercado, mediante a criação de offshores e falsificação de documentos. Com ele, foram condenados Filipe Pinhal, Christopher de Beck, António Rodrigues, Paulo Teixeira Pinto e Al+ipio Dias. Todos vão recorrer das sentenças.
O atual presidente do Banif, Jorge Tomé, é arguido num processo relativo à altura em que exerceu funções como administrador da Caixa Geral de Depósitos.
Mais recentemente o presidente do BESI, José Maria Ricciardi, e o administrador do BES, Amílcar Pires, foram constituídos arguidos na sequência de uma queixa da CMVM envolvendo a transação de ações da EDP e um alegado crime de abuso de informação privilegiada.
Finalmente, o presidente do BES, Ricardo Salgado, apressou-se a pagar os impostos devidos por dinheiro que tinha colocado no exterior sem ter sido declarado ao fisco.
Várias destas situações podem redundar em nada e alguns destes responsáveis estarem inocentes. Mas convenhamos que é preocupante o número de banqueiros portugueses que neste momento estão a contas com a justiça.
Nicolau Santos
EXPRESSO