domingo, 30 de dezembro de 2012

LAVANDARIA ULTRAMARINA

Em linguagem caceteira e neo-salazarista digna de editorial do 'Jornal de Angola', vem o escritor Pepetela, em crónica no 'DN', expôr publicamente as suas mágoas com o que se passa aqui no 'ultramar'. Nestes precisos termos:
"Para quem tem tantas ligações com Portugal como tenho, desde as familiares e emotivas até vivências, é com apreensão e tristeza que vou sabendo do que se passa aí no ultramar."
Pois fique a saber o Pepetela que aqui no 'ultramar' também há gente apreensiva e triste com o que se passou e passa na 'província ultramarina de Angola' (para manter o estilo neo-salazarento introduzido pelo distinto militante do mpla). Há gente indignada pelas torturas e mortes que se sucederam ao golpe de Nito Alves e em que participaram destacados intelectuais angolanos; há gente apreensiva com o sucesso político, económico e financeiro dos cleptocratas que o Pepetela começou por denunciar no seu romance 'Mayombe' e continuou, mais recentemente, em 'Predadores'. Há gente triste por saber que Angola  ocupa o 157º lugar no índice de corrupção, num universo de 174 países. Há gente que não quer ver as taxas pagas por um serviço público de televisão administradas por gente do calibre dos camaradas de Pepetela. Há gente que não quer ver a terra onde nasceu transformada numa imensa lavandaria com uma área de 89.000 km quadrados.
E, finalmente, também há gente capaz de dizer ao Pepetela: Vá à merda!