sexta-feira, 23 de novembro de 2012
GRAÇOLAS
O Presidente da República fez hoje, na entrega dos prémios Gazeta, um discurso irónico à volta do seu «silêncio» e pediu para não relatarem a sua presença, comprometendo-se a não o revelar na sua página do Facebook.
De acordo com a Lusa, no habitual discurso que faz na entrega destes prémios de jornalismo, Cavaco Silva começou por dizer que apenas o seu «caro amigo Mário Zambujal [presidente do Clube de Jornalistas] o convenceria a estar presente: "Ele sabe bem que eu não queria vir, tudo porque eu sabia que teria de subir a este palco e de quebrar o meu silêncio"».
«Todos sabem que o silêncio do Presidente da República é de ouro, hoje a cotação do ouro foi 1.730 dólares por onça, uma onça são 31 gramas, mais 1,7% do que a cotação do ouro naquele dia de setembro em que a generalidade dos portugueses ficou a saber o significado da conjugação de três letras do alfabeto português: "tê, ésse, u" (TSU)», afirmou Aníbal Cavaco Silva.
Depois, Cavaco apontou vários temas dominantes da atualidade política sobre os quais «boa parte» da população portuguesa acha que o Presidente da República «estava a refletir» durante o seu «silêncio».
«Até aqui, boa parte dos portugueses pensava que o Presidente da República estava a meditar, a refletir sobre a próxima visita a Portugal da senhora já bem conhecida de todos, amada por muitos, a que carinhosamente os portugueses chamam de troika, outros estariam a pensar que o Presidente da República estava a refletir sobre se o aumento de impostos era enorme ou gigantesco, outros pensariam que o Presidente da República estava a refletir sobre os novos apoios que a chanceler Merkel podia trazer para Portugal na sua próxima visita ao país e outros poderiam estar a pensar que o Presidente da República estava a refletir sobre o que fazer relativamente às pressões de vinte corporações e mais de cem individualidades para que ele enviasse o Orçamento do Estado para o Tribunal Constitucional», declarou.
No mesmo tom de ironia, Cavaco Silva continuou: «Outros estariam a pensar que o Presidente estaria a refletir sobre o consenso político que foi possível estabelecer entre as forças políticas do arco da governação sobre a forma de realizar a reforma das funções do Estado, outros podiam estar ainda a pensar que o Presidente estava a refletir sobre se a transmissão televisiva dos jogos de futebol em canal aberto fazia ou não parte da definição de serviço público de televisão, mas agora, depois de ter quebrado o meu silêncio, os portugueses dirão que afinal ele estava apenas a refletir sobre a forma de evitar a sua presença na cerimónia de atribuição dos prémios Gazeta do Clube de Jornalistas».
No entanto, «tendo quebrado o silêncio» e estando presente, o Presidente disse só lhe restar «ser muito, muito, breve, tentar passar despercebido e felicitar os premiados».
«Fazer votos para que continuem a apostar na qualidade, felicitar Fialho de Oliveira pelo prémio de mérito que acabou de receber, o Clube de Jornalistas por conseguir resistir à crise e ainda não ter ido à falência, o que com certeza se deve à capacidade de gestão de Mário Zambujal, e esperar que a Caixa Geral de Depósitos nos ofereça um jantar que seja condizente com os tempos que vivemos e eu não possa ser acusado de estar aqui por uma qualquer guloseima», afirmou, provocando várias gargalhadas entre convidados presentes.
No final do seu curto discurso, o Presidente da República deixou um pedido especial «aos jornalistas presentes»: «Se forem inquiridos digam que eu estive aqui mas não disse absolutamente nada, e que eu me comprometo a não colocar qualquer post sobre o assunto na minha página do Facebook, deixo, por isso, antecipadamente o meu muito obrigado a todos».
TVI