segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O DEVER DE MEMÓRIA


Salazar foi cúmplice "involuntário" do Holocausto


O historiador Manuel Loff disse hoje nas conferências "Portugal e o Holocausto" que o discurso antirracista foi fabricado pelo Estado Novo e que Salazar foi cúmplice involuntário do genocídio.
"Tendemos a aceitar que a política de Salazar não era racista e que foi solidário para com as vítimas dos nazis, eu não aceito", afirmou Manuel Loff, da Universidade do Porto, durante uma conferência que decorre hoje na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, sobre "Portugal e o Holocausto".
O historiador referiu-se às circulares publicadas pelo Estado português em 1938 e 1939 que proibiam a atribuição de passaportes a indivíduos com nacionalidade indefinida, aos russos e aos judeus "expulsos das suas nações".
"Salazar não atuava na ignorância das questões do Holocausto", disse o investigador da Universidade do Porto, para explicar que, no limite, as indicações de Lisboa durante a guerra foram a de "proteger" judeus nos locais onde se encontravam.
No caso de Budapeste, explicou Loff, referindo-se aos diplomatas Carlos Garrido e Sampaio Branquinho - que emitiram passaportes portugueses a judeus húngaros em 1944, já depois do desembarque Aliado na Normandia -, "há um caráter excecional em que a representação portuguesa dá proteção diplomática", mas sendo conscientes de que seria "tecnicamente impossível" a viagem da Hungria para Portugal.
"A norma era sempre impedir que os judeus chegassem a Portugal. Protege-los noutros países. Torna esta atitude Portugal cúmplice no Holocausto? De forma involuntária é evidente que sim", disse Manuel Loff.
DN


Salazar negou auxílio a judeus na Grécia e na Holanda


Avraham Milgram, investigador do Yad Vashem em Jerusalém, disse hoje nas conferências sobre "Portugal e o Holocausto" que o Estado Novo evitou ajudar judeus portugueses na Holanda e na Grécia.
"O caso mais conhecido foi quando Salazar não reconheceu os quatro mil judeus de origem portuguesas, na Holanda, mas sem vínculo formal a Portugal. Este episódio faz de Salazar um cúmplice involuntário", disse o investigador israelita, referindo-se também aos casos sobre os judeus portugueses da origem turca ou grega.
DN