quarta-feira, 1 de agosto de 2012

NOTÍCIAS DO PARAÍSO


Banco de Portugal apresenta novas acusações a gestores do BPN, incluindo Oliveira Costa

O Banco de Portugal deu por concluídas novas acusações aos ex-gestores do BPN, liderados por José Oliveira Costa, desta vez por terem assumido responsabilidades (contas de retorno garantido) de centenas de milhões de euros, que, ao longo dos anos, não reflectiram nos balanços, o que possibilitou esconder prejuízos. Um “negócio” que prosperou até à nacionalização e que permitiu ao BPN dotar-se de liquidez em larga escala que aplicava em fundos de investimento usados, por vezes, para comprar activos de accionistas do grupo SLN (actualmente designada Galilei). 

O PÚBLICO apurou que para além do ex-presidente do BPN, José Oliveira Costa e do seu filho, José Augusto Oliveira Costa, o BdP acusa ainda Luís Caprichoso, Francisco Sanches, António Franco, Coelho Marinho, Armando Pinto, Abdool Vakil (ex- Efisa), Teófilo Carreira dos crimes de falsificação de contabilidade, mas também de não cumprimento das regras contabilísticas aplicadas ao sector bancário. Deste grupo (que deverá contestar as acusações), apenas Oliveira Costa, classificado como o principal mentor da mega burla que levou à falência a instituição, foi detido, e encontra-se, actualmente, em prisão domiciliária. 

O BdP acusa das mesmas ilicitudes o BPN, que foi já este ano vendido ao BIC Portugal por 40 milhões de euros. A prática é que em fusões, o banco que absorve assuma todas as responsabilidades da entidade adquirida, mas neste caso concreto é expectável que seja o Estado a lidar com as “queixas”. Note-se que, para o erário público, as perdas potenciais da intervenção no BPN podem ascender a 2,8 mil milhões de euros. 

Na acusação do BdP estão em causa as contas de investimento de retorno garantido, que, na óptica dos clientes, tinham um perfil de risco semelhante aos dos depósitos a prazo, pois o BPN emitia uma carta onde se comprometia a pagar um determinado rendimento líquido, fixo. Só que ao contrário do que acontece com os depósitos a prazo (os juros contratualizados vão a resultados), Oliveira Costa não contabilizou nos balanços da instituição os rendimentos que prometeu aos clientes. E, ao não espelhar nas contas as verdadeiras responsabilidades que assumia, impedia também o supervisor de conhecer a verdadeira situação patrimonial do grupo.
Público