sábado, 30 de junho de 2012

DE OUTROS


O combate à corrupção não tem sido, na sua opinião, uma prioridade?
Em Portugal não há vontade a sério de combater a corrupção. Há vozes isoladas, há acções isoladas que pretendem pôr fim ao problema. Há equipas determinadas no Ministério Público, como é o caso do da dra. Maria José Morgado ou o do dr. Euclides, em Coimbra. Mas não há no MP, por exemplo, uma actuação concertada de combate à corrupção. O próprio PGR desvaloriza imenso o tema e a classe política fala muito de corrupção mas nunca se atreve a relatar uma situação em concreto.
Sobre o caso Face Oculta, há a percepção de que o sistema não quis investigar José Sócrates. Isso tem fundamento?
Acho que o comportamento do senhor presidente do Supremo Tribunal de Justiça e do senhor procurador-geral da República é no mínimo lamentável. Perante a denúncia que existiu dos magistrados de Aveiro, que o fizeram por não ter competência territorial nessa matéria, tinha de ser aberto um processo-crime e, perante aquele auto, aberto um inquérito que podia levar ao arquivamento. Mas em qualquer dos casos deveria ficar à disposição de quem tivesse legitimidade para o consultar e analisar. Eu não sei se o senhor engenheiro José Sócrates cometeu o crime porque foi indiciado. Agora, que há uma participação do Ministério Público, há. E por isso deveria ter sido aberto um inquérito tal como acontece com qualquer outro cidadão.
Ricardo Sá Fernandes
«I»