O parlamento português converteu-se no maior antro de tráfico de influências do país. São muitos os deputados que utilizam o cargo público para fins privados, ao serviço das empresas com que colaboram. Os conflitos de interesses são uma constante. Na comissão de acompanhamento do programa de assistência financeira ao estado português, têm assento deputados com interesses na Banca, na EDP e nos principais grupos beneficiários das medidas do programa que deveriam fiscalizar. Na agricultura, há parlamentares que tutelam a actividade do ministério que atribui subsídios às empresas de que eles próprios são gerentes. Até a comissão de avaliação das parcerias público-privadas incorpora deputados ligados ao sector imobiliário, parceiros de sector dos concessionários das PPP. A promiscuidade é generalizada, os negócios privados são o quotidiano da actividade parlamentar. Os campeões desta falta de vergonha são os advogados das grandes sociedades, que utilizam o parlamento como filial dos seus escritórios, consumindo a maior parte do seu tempo a resolver assuntos dos seus clientes. Por vezes, a sala das sessões mais parece um escritório de advogados ‘open space’.
Paulo Morais
CM