terça-feira, 29 de maio de 2012

ALERTA!

Num certo domingo daqueles muitos anos de chumbo, no regresso de mais uma santa missa das '11', o hortelão de Santa Comba viu, no jardim do palácio de S. Bento, um maltrapilho a comer relva.
Humanista, como sabemos, sua excelência perguntou ao consumidor as razões para a escolha de tão saudável menu.
Amedrontado pela fama do perguntante e pelo olhar assassino do Rosa Casaco da pide que o acompanhava e lhe protegia as costas, o homem respondeu com voz sumida: fome!
Sensibilizado, o 'Botas' tirou dos bolsos um cartão de visita e uma caneta (oferta das senhoras do Movimento Nacional Feminino) e escreveu uma frase curta, entregando, depois, a 'credencial' ao dissidente da 'Sopa do Sidónio', dizendo-lhe naquela sua vozinha aflautada e sinistra Tem o seu problema resolvido, ao mesmo tempo que lhe dava ordem de despejo, apontando o intimidante indicador direito na direcção do portão.
Por analfabeto, o homem recorreu aos serviços de um taberneiro que comerciava em estabelecimento devidamente licenciado, situado entre a esquadra de S. Bento e o Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras, que, caridosamente, lhe ofereceu um bagaço martelado a título de digestivo e leu, para ele e para todos os circunstantes, o conteúdo do cartão. Dizia assim:


                                             ANTÓNIO DE OLIVEIRA SALAZAR
                                               Presidente do Conselho de Ministros 
O portador deste cartão está autorizado a pastar em todos os jardins públicos do Império.
                                                            (Assinatura ilegível)


(E agora aqui estou eu a rezar para que esta notícia do 'Expresso' não conste no 'clipping' que os serviços secretos diariamente enviam ao Presidente do Conselho em funções e aos amigos do costume: 

Comer insetos para combater a crise

Os insetos são ricos em ferro, têm proteínas, vitaminas e emitem menos gases com efeito de estufa do que um bovino. Um dia vamos acabar por tê-los como prato principal...).

Vocês percebem-me, verdade?