quarta-feira, 16 de novembro de 2011

NOTÍCIAS DA COELHEIRA OU "QUANDO OUÇO FALAR DE CULTURA..."

«O Teatro Nacional D. Maria II anunciou, esta quarta-feira, que irá suspender a programação de 2012. As razões prendem-se com as medidas de austeridade e com os cortes previstos no Orçamento de Estado, “muito superiores” aos efectuados nos restantes teatros nacionais. Na impossibilidade de existir projecto artístico para o D. Maria, Diogo Infante admite deixar a direcção.

“As medidas de austeridade anunciadas pelo governo e os cortes previstos no recentemente aprovado Orçamento de Estado, atingiram no caso do Teatro Nacional D. Maria II (TNDM II) um valor acumulado em 2012 na ordem dos 36%, agravado pelo aumento da taxa do IVA (23%)”, começa por informar o comunicado de imprensa, assinado pelo director artístico, Diogo Infante,

O corte financeiro, que Diogo Infante afirma “muito superior ao efectuado nos restantes Teatros Nacionais”, ignora três anos de gestão equilibrada e taxas de ocupação recorrentes acima dos 90%, “comprometendo de forma irremediável o actual projecto artístico do TNDM II, o seu modelo de gestão e toda a programação projectada para 2012”.

Sem as verbas necessárias o D. Maria II considera ser “impossível elaborar um plano de actividades realista e viável para 2012”, pelo que a direcção se vê obrigada a quebrar compromissos já assumidos para 2012 com produtores, encenadores e actores.

Projectos como a A Morte de Danton, de Buchner, em co-produção com os Artistas Unidos e Guimarães - Capital Europeia da Cultura e com encenação de Jorge Silva Melo, ouLear, de William Shakespeare, com Eunice Muñoz no papel principal, “ficam assim seriamente comprometidos”, pode ainda ler-se.

A Direcção Artística e o Conselho de Administração do TNDM II afirmam ter alertado a tutela para as inevitáveis consequências de tais medidas, disponibilizando-se para “concertar uma solução que viabilizasse um futuro para o TNDM II, com um mínimo de dignidade, qualidade e sentido de serviço público que lhe é exigido e que está reflectido nos seus estatutos e missão”.

No entanto, “até à data o Secretário de Estado da Cultura revelou-se impotente para, junto do Ministério das Finanças ou do Primeiro-Ministro, encontrar uma solução que corresponda a uma vontade política de manter em actividade o primeiro teatro do país”.

Se tudo se mantiver e se não existir um projecto artístico para o TNDM II, Diogo Infante admitiu, em declarações ao jornal Público, abandonar o cargo de director artístico.»
(vousair.com)