terça-feira, 1 de novembro de 2011

ÉTICA E SILÊNCIO

De acordo com a lei em vigor, um ministro e um secretário de estado, com casas próprias em Algés e Parede, 'afiabravam' (expressão inspirada no riquíssimo léxico desse vulto da cultura e política portuguesas, o pensador Lello) uns subsídiozitos de renda de casa, dado que declaram moradas oficiais em terras das berças.
A coisa soube-se e, em tempo de porcos magros, causou indignação. Logo os subsídio-dependentes prescindiram da benesse, num arremedo de elevada atitude ética.
Semelhante atitude teve agora um tal Jorge Coelho, simples assalariado da 'Mota-Engil', senhor da oratória fácil do "hadem cá vir" e do aviso "quem se mete com o PS, leva", que, durante anos e anos acumulou uma subvenção estatal vitalícia com os magros proventos da sua actividade profissional no sector privado.
Daqui se poderá inferir que para os central-bloquistas a ética é um conceito que vive escondido num espesso manto de silêncio. Rasgado este (o manto) pela justificada indignação popular, lá aparece aquela (a ética) nas mãos e nas gargantas dos indecorosos filhos da pátria.
Que continue, pois, a pátria a ser bendita, continuando a parir e a alimentar filhos destes!