quinta-feira, 27 de outubro de 2011

JUSTICIA PARA UN CANALLA

O antigo oficial da Marinha Alfredo Astiz foi condenado a prisão perpétua por crimes contra a humanidade cometidos durante a ditadura militar na Argentina (1976-83).
Astiz era conhecido como o “Anjo Loiro da Morte” e foi considerado culpado de tortura, assassínio e sequestros. Entre as suas vítimas estavam duas freiras francesas e fundadores do grupo de direitos humanos Mães da Praça de Maio.

A alcunha de Astiz vem do seu aspecto quase angélico. Mas este antigo capitão da Marinha, agora com 59 anos, foi um dos principais responsáveis pelo desaparecimento de quase cinco mil opositores que foram detidos e torturados na Escola Superior de Mecânica da Armada (ESMA).
Este foi um dos maiores processos judiciais de direitos humanos na Argentina, onde se estima que tenham morrido 30 mil pessoas vítimas da ditadura. E foi também a primeira vez que 16 elementos deste centro de torturas compareceram perante a justiça.

Doze, incluindo Astiz, foram condenados pelo Tribunal Federal número 5, na noite de quarta-feira (madrugada de quinta-feira em Lisboa), a passar o resto da vida na prisão. Entre estes está Jorge Acosta, com a alcunha de “O Tigre”, que argumentou durante o julgamento que “as violações aos direitos humanos são inevitáveis durante uma guerra”. Os outros quatro receberam penas entre os 18 e os 25 anos de cadeia.
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Em 1998, Astiz gabou-se durante uma entrevista que era “o melhor homem da Argentina a matar jornalistas e políticos”. Depois do golpe de estado de 1976, tornou-se rapidamente um dos membros do grupo 3.3.2, responsável por sequestros, torturas e desaparecimentos da ESMA, onde entrara em 1968. “Não lamento nada”, afirmou.
Público