quarta-feira, 8 de junho de 2011

SEM DEMAGOGIA

Este rapaz, o Coelho, bom aluno da escola 'Jota-laranja' (como o seu antecessor, aliás), confesso seguidor da ideologia da senhora Thatcher, que vai estar de chefe de repartição do regime de Vichy, teve um mérito: numa atitude incomum na política portuguesa, disse ao que vinha.
Começou por dizer que uma Constituição que convivia pacificamente com 700.000 desempregados era insuficiente. Revê-la para facilitar os despedimentos era uma necessidade para...criar emprego;
Convidou para cabeça de lista no círculo de Lisboa uma criatura que, pelo simples facto de aceitar o convite depois de tudo o que tinha dito na campanha presidencial, passou, automaticamente, para a categoria dos desclassificados;
Recuperou para o seu círculo íntimo de conselheiros um tal Dias Loureiro, dando indicações preciosas sobre o que entende por ética;
Para satisfazer os ultramontanos do costume e a 'Santa Madre', anunciou a vontade de um terceiro referendo sobre o aborto;
Sossegou os sagrados 'mercados' com a promessa de ir mais longe do que o programa da 'Troika'.
Pois bem, o resultado é conhecido: ganhou as eleições para chefe de repartição do regime de Vichy. Tem, portanto, toda a legitimidade democrática para exercer o cargo de subalterno da senhora Merkel.
E, assim sendo, perdida a dignidade, resta-nos para os próximos anos, manter a resignação muda dos animais e aguardar a guia de marcha para o matadouro.
(E não me venham com a velha demagogia do governo dos ricos e poderosos. Em Portugal não há dois milhões e meio de ricos e poderosos. Mas há dois milhões e meio de votantes em Passos Coelho que não podem dizer que foram enganados - o rapaz apresentou-se, disse ao que vinha... e ganhou.)