segunda-feira, 30 de maio de 2011

MAIS VALE BEM ACOMPANHADO DO QUE SÓ

Há muito me habituei a suportar os olhares espantados de quem me ouvia a abstrusa afirmação: "Pouco me interessam os libretos das óperas, recuso-me a entrar no S. Carlos com as obras escolhidas do Freud debaixo de um braço e as 'Mitologias' debaixo do outro. E as legendas modernaças exibidas à boca de cena só servem para perturbar o espectáculo".
Leio agora a opinião de um grande poeta, prosador e melómano chamado José Gomes Ferreira (nome desconhecido da rapariguinha da 'Fnac' que me obrigou a dizê-lo três vezes antes de localizar, na prateleira dos 'Ferreiras', mesmo ao lado do Virgílio, "Dias Comuns - V"): "Para gozar em pleno uma ópera, basta-me o canto, a orquestra, os gritos, os coros, as paixões expressas pelos gestos e pelos olhos (Agora, estão a amar-se! Agora a odiar-se!), as danças, os tules, as mulheres recostadas nas luzes, os voos, as cores, os cenários - em resumo: o sonho servido com música...".
Que conforto...