sábado, 12 de março de 2011

OS VELHOS DOS MARRETAS

É para mim intolerável a arrogância, a pretensa superioridade moral e a desonestidade intelectual com que alguns ex-contestatários 'soixante-huitards', hoje 'opinion makers' encartados, tratam os jovens da 'Geração à Rasca'.
Há dias, na SIC-Notícias, Vicente Jorge Silva (ex-director do radical 'Comércio do Funchal', nos idos de 60) articulou um discurso sobre os precários e a precariedade que teve, em mim, o mesmo efeito de uma colherada de óleo de rícino: o vómito.
Hoje, no 'Expresso', Miguel Sousa Tavares aproveita para alvo o 'homem da luta', Jel, e insurge-se contra "a reivindicação de um direito à irresponsabilidade, feito em tom muito jovem, muito solto e muito divertido" o que "não augura nada de bom".
Miguel Sousa Tavares esqueceu (talvez por desgaste de memória causado pela imperdoável idade) o sorriso trocista de Daniel Cohn-Bendit para um polícia de choque e a palavra de ordem de Maio de 68 "Soyons réalistes, exigeons l'impossible".
Também naquele tempo os velhos dos 'Marretas' com tribuna na televisão e jornais franceses consideraram a coisa irresponsável, jovem, solta.
Enfim, mudam-se os tempos, mudam-se os protagonistas, mantêm-se os discursos...
(E, já agora, Vicente e Miguel, olhem para o lado e vejam o ideólogo neocon Pacheco Pereira, os arejados ministros Alberto Costa e Alberto Martins e tantos, tantos outros, todos eles filhos da gloriosa geração de 60...)