quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

POR DEVERES DE MEMÓRIA



«Gente comum – uma história na PIDE é um relato transcrito, revisto e editado, centrado nos primeiros vinte e cinco anos da vida de Aurora Rodrigues. Perpassados pelas vivências no Alentejo, que lhe permitiram granjear uma consciência de si e do mundo pelo contexto social, histórico e político, mas igualmente pelas sociabilidades estreitas – no âmbito da família, dos vizinhos e dos amigos - esses anos foram também marcados por duas tenebrosas prisões, como militante do MRPP. Em 1973 foi sujeita a dois períodos contínuos de tortura do sono de 16 e 4 dias, com 24 horas completas, intervalados apenas por uma semana, e espancada selvaticamente por parte de agentes da PIDE-DGS. Dois anos depois, foi o COPCON que a prendeu de novo em Caxias, com várias centenas de outros militantes do MRPP, sob condições inauditas e duma perigosidade incontrolável.

Aurora Rodrigues resolveu contar, porque há deveres de memória. Para que não se construa sobre o esquecimento uma sociedade, para que não se desbarate a dimensão da esfera pública e para que não se perca o sabor da vida.

Aurora Rodrigues foi militante do MRPP durante seis anos, tendo sido presa pela PIDE em Maio de 1973 e sujeita a tortura. Como mais de 400 militantes daquele partido maoista, voltou a ser encarcerada pelo COPCON em Maio de 1975. Cessou toda a sua actividade partidária em 1977. É magistrada do Ministério Público no DIAP de Évora.»