domingo, 9 de janeiro de 2011

ILHA

Ilha deserta à espera de um barco
Para testar que a terra é redonda
O meu cio à volta do teu ventre dançante
Vislumbra o mastro depois a proa a seguir
Os contornos nítidos bombordo estibordo
Baloiçam os mastros tremendo arrepiados
Revolta a corrente junto à praia aquecida
(esquecida)
Abres-te para o calado grande no teu bojo arfante
Já não és ilha mas península
Metade és mulher enseada metade sou homem escarpa
Encalho no teu banco de areia que nos une
Aceno do nosso espanto encantado
Não preciso de foguetões
Para saber e provar que és torneada
Ginja que toco com a língua molhada
Carnuda acidulada
Minha terra de pão
Semeada
Porque o louco arrebol nos consome neste fim do dia
Até a alva cantar a gargalhada da nossa luz de fogo

Daniel Nobre Mendes

03-07-09