O COMBOIO QUE APANHEI QUANDO NASCI
JÁ VAI QUASE VAZIO PELAS LINHAS FORA
MUITOS COMPANHEIROS JÁ DESCERAM
E NAS ESTAÇÕES ONDE FICARAM CHOVIA
VAI ARFANDO RESFOLEGANDO SUADO AO DESLIZAR NA LUZ
MAS A EMBALAGEM AINDA NÃO VENCE O CANSAÇO
E LÁ SE ESCOA ABRANDANDO COM FAÍSCAS NOS FREIOS
ATÉ QUE SE DETENHA NO PRÓXIMO APEADEIRO SEM GENTE
PROSEGUE QUASE SEM NINGUÉM A NÃO SER EU
O MAQUINISTA SUICIDOU-SE NOS CAMINHOS FRIOS
TAMBÉM NÃO HÁ FOGUEIRO E O CARVÃO ESGOTOU-SE
OS LUGARES SÃO AS SOMBRAS CHEIAS DE PESSOAS
A GARE QUE SE SEGUE VAI SER A DERRADEIRA
PORQUE É A MINHA E LÁ NÃO ESTÁ SEJA QUEM FOR
À ESPERA DO MEU OLHAR PARA ME DIZER ADEUS
E SENTIR O HÁLITO AMORNADO DE QUEM VEM SOZINHO
O MEU COMBOIO DEIXA DE SER MAIS UMA AVENTURA
QUANDO SE DETIVER DE VEZ E PARA SEMPRE PARAR
É AGORA JÁ ALÉM PREPARO-ME PARA DESEMBARCAR
AFINAL TUDO VALEU PARA MORRER UM POUCO MAIS
Daniel Nobre Mendes
06-12-09