domingo, 24 de outubro de 2010

DE OUTROS

«Ouvimos, vemos e lemos, nas rádios, nas televisões e nos jornais uns senhores graves e notoriamente impreparados, a falazar sobre tudo e mais alguma coisa, os quais, numa sociedade intelectualmente preparada, iriam para o brejo conversar com hortaliças.
Sempre os mesmos. Com os mesmos tiques de linguagem, os mesmos arrebiques, as mesmas gesticulações. Dos "comentadores" de futebol aos preopinantes da política, a informação e a cultura portuguesas actuais ali se circunscrevem. Prosas canhestras, má assimilação da realidade política nacional e internacional. Convém sempre repetir que estes senhores não prestam para nada.

Porém, destes não somos responsáveis. Somo-lo dos políticos, melhor: dos partidos (também sempre os mesmos) que elegemos para nos governar. Nos últimos trinta anos assistimos ao esganar das nossas mais asseadas esperanças. Tanto o PS quanto o PSD não merecem as nossas qualificações: um é pior do que o outro. Chegámos à situação extrema em que nos encontramos, mas não me venham dizer que somos todos culpados. Acreditámos (continuamos a acreditar) e patranhas e nunca nos ressarcimos das aldrabices que nos envolvem. Uns fugiram e estão muito bem da vidinha. Olhem o Guterres, o Durão, o Vital, o inquietante Correia de Campos, aquele pobre homem Rangel, o Paulo, todos com empregos subordinados aos serviços que prestaram.»
Baptista-Bastos
'Jornal de Negócios'