sexta-feira, 10 de setembro de 2010

DE OUTROS



«Ler um livro é resistir; prestar atenção (hoje só falamos de "distúrbios da atenção"; recusar o ruído excessivo. Chegámos a um tempo em que o que resta de um mercado cheio de dúvidas, de autores cilindrados entre exigências éticas e artísticas e questões de mercado, de editores que têm de lutar por mais exposição dos seus livros, de livreiros que sucumbem à avalancha de lixo, de leitores tratados como clientes mas sem direitos de consumidor - tem de ser ouvido quando se trata de discutir a "cultura".»

Francisco José Viegas

(LER)

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«Os media pouco ajudam; muitos degradaram-se (refiro-me à qualidade do português escrito e falado), e a degradação, em parte fruto do sistema de ensino, reflecte-se neste por sua vez, tornando-o mais instável. Um disparate na TV pode ter mais força do que bons exemplos em aulas. Como converter o círculo vicioso em virtuoso? Que cada um comece pela sua área de actividade. Tal como a escola (pública ou não), o jornalismo (privado ou não) é serviço público. A comunicação em geral e as editoras deviam ter revisores qualificados, mesmo se estatuto de copy desk, que emendassem erros graves. Já tiveram, mas evitam-nos hoje, quando fariam ainda mais falta. Directores e editores deviam ser competentes e exigentes quanto à escrita, mas por vezes quem faz ou aprova os próprios títulos de notícias sabe menos do que quem as redigiu. Na escolha dos redactores devia pesar a fluência na língua em que trabalham, mais do que rudimentos de sociologia, semiótica ou filosofia trazidos de escolas que os lançam no mercado ou no desemprego.»

Francisco Belard

(LER)