quinta-feira, 19 de agosto de 2010

CARTA ENVIADA AO EMBAIXADOR DO IRÃO PELOS EURODEPUTADOS DO BE


. "Tudo o que peço é uma carta. Quero uma carta para a minha querida mãe. Por favor, escrevam a carta de perdão porque ela é inocente, 100 por cento inocente"

Sajjad Ghadarzade, de 22 anos, filho de Sakineh M. Ashtiani
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Exmo. Senhor Embaixador da República Islâmica do Irão, Rasool Mohajer:

Nas conversas que temos mantido com vexa, pediu-nos que houvesse sempre franqueza e sinceridade entre nós. É por isso que agora lhe escrevemos. Não podemos deixar de exprimir a nossa profunda indignação ante as notícias de novas execuções iminentes no Irão, em particular a de Sakineh Mohammadi Ashtiani, uma mulher que a “convicção” de três juízes condenou à morte por lapidação.

Não podemos ignorar os constantes apelos da família desta cidadã iraniana, obrigada a encarar a morte por um «crime» admitido sob tortura e pelo qual já tinha sido punida com 99 chicotadas, na presença de um filho.

Sakineh Mohammadi Ashtiani não teve direito a um julgamento na sua língua e ouviu a pronuncia em farsi, língua que desconhecia. Do mesmo modo, assinou o documento que lhe foi apresentado pelas autoridades e só minutos depois é que as suas co-detidas lhe revelaram o que tinha acabado de ser decidido: apedrejamento até à morte.

Esta não foi a única violação de direitos básicos e elementares. O seu advogado, Mohammad Mostafael e a sua família foram vítimas de repressão e intimidação e encontram-se hoje no exílio, na Noruega. Infelizmente, as autoridades da República Islâmica do Irão nada fizeram para garantir que este advogado pudesse desempenhar o seu dever de defesa em condições de segurança.

Senhor embaixador:

A história milenar do seu país, que tantos exemplos de inteligência e sensibilidade deu à humanidade, não se honra com a persistência da lapidação e da pena de morte, castigos cruéis e inelutáveis que envergonham, aos olhos do mundo, os regimes que os toleram ou promovem.

Não nos compete dizer à República Islâmica do Irão o que ela deve ou não deve fazer - essa é a vossa responsabilidade ante o vosso povo e ante a Humanidade. Mas enquanto cidadãos do mundo e representantes políticos do povo que primeiro colocou uma pedra sobre a pena de morte, apelamos à comutação da pena de Sakineh Mohammadi Ashtiani e que esta constitua uma oportunidade para a aplicação de uma moratória sobre a pena capital no seu país.

Pedimos-lhe que transmita esta mensagem às autoridades iranianas. Com os melhores cumprimentos,

Marisa Matias, Miguel Portas e Rui Tavares