quarta-feira, 7 de julho de 2010

UM IMENSO ADEUS

«Ouvi dizer que a única maneira de cuidar do ânimo consiste em manter afinada a corda do nosso espírito, o arco tenso, a apontar para o futuro. Mas eu neste momento estou só, e entardece; da minha janela, vejo o último reflexo do sol na parede da casa em frente. Embora mantenha afinada a corda do meu espírito, a verdade é que tanto o momento do dia como esse último reflexo não me parecem o contexto mais adequado para apontar para nada. Como se não bastasse, vem-me à memória A Sede do Mal, com Marlene Dietrich, olhos muito frios e impávida, a disparar inequivocamente a Orson Welles, depois de lhe ter deitado as cartas: "Não tens futuro."»