Não, não quero falar de Gugor Samsa, personagem de Franz Kafka que "um dia de manhã, ao acordar dos seus sonhos inquietos, deu por si em cima da cama, transformado num insecto monstruoso".
Quero falar de uma outra metamorfose que, bem vistas as coisas, poderia ser considerada como o quarto milagre de Fátima (até pela coincidência de datas - 13 de Outubro): a do animal feroz, autoritário, teimoso e arrogante que um dia à noite, ao acordar dos seus sonhos inquietos de poder pessoal, deu por si em cima do palco transformado em dialogante anjinho que se apresentou às outras forças políticas "de mão estendida" e de "coração aberto".
Comovente. Comovente até às lágrimas. E as lágrimas impedem-me de continuar. Vou enxugá-las com o lenço branco que utilizo nos estádios de futebol para me despedir dos treinadores aos gritos ferozes de "rua, rua!".
