
«Assim, por exemplo, a questão religiosa é complicada. Qual é o vosso princípio nesta questão?
- Economias! - disse com voz potente o partido reformista.
Espanto geral.
- Bem! E em moral?
- Economias! - bradou.
- Viva! E em educação?
- Economias! - roncou.
- Safa! E nas questões de trabalho?
- Economias! - mugiu.
- Apre! E em questões de jurisprudência?
- Economias! - rugiu.
- Santo Deus! E em questões de literatura, de arte?
- Economias! - uivou.
Havia em torno um terror. Aquilo não dizia mais nada. Fizeram-se novas experiências. Perguntaram-lhe:
- Que horas são?
- Economias! - rouquejou.
Todo o mundo tinha os cabelos em pé. Fez-se uma nova tentativa, mais doce.
- De quem gosta mais, do papá, ou da mamã?
- Economias! - bravejou.
Um suor frio humedecia as camisas. Interrogaram-no então sobre a tabuada, sobre a questão do Oriente...
- Economias! - gania.
Foi necessário reconhecer, com mágoa, que o partido reformista não tinha ideias. Possuía apenas uma palavra, aquela palavra que repetia sempre, a todo o propósito, sem a compreender.»