terça-feira, 25 de agosto de 2009

UMA CAMPANHA ALEGRE



«Assim, por exemplo, a questão religiosa é complicada. Qual é o vosso princípio nesta questão?

- Economias! - disse com voz potente o partido reformista.

Espanto geral.

- Bem! E em moral?

- Economias! - bradou.

- Viva! E em educação?

- Economias! - roncou.

- Safa! E nas questões de trabalho?

- Economias! - mugiu.

- Apre! E em questões de jurisprudência?

- Economias! - rugiu.

- Santo Deus! E em questões de literatura, de arte?

- Economias! - uivou.

Havia em torno um terror. Aquilo não dizia mais nada. Fizeram-se novas experiências. Perguntaram-lhe:

- Que horas são?

- Economias! - rouquejou.

Todo o mundo tinha os cabelos em pé. Fez-se uma nova tentativa, mais doce.

- De quem gosta mais, do papá, ou da mamã?

- Economias! - bravejou.

Um suor frio humedecia as camisas. Interrogaram-no então sobre a tabuada, sobre a questão do Oriente...

- Economias! - gania.

Foi necessário reconhecer, com mágoa, que o partido reformista não tinha ideias. Possuía apenas uma palavra, aquela palavra que repetia sempre, a todo o propósito, sem a compreender.»