quarta-feira, 26 de agosto de 2009

UMA CAMPANHA ALEGRE


«A opinião tem pela Câmara dos Deputados um sentimento unânime e unanimemente declarado: o tédio.
Diz-se mal da Câmara por toda a parte. Os jornais mais sérios falam constantemente na sua improdutividade. Aparecem contra ela panfletos satíricos. Ela é geralmente considerada como um sórdido covil de intrigas. Se se pergunta:
- Que houve hoje na Câmara?
- Uma farsa - respondem uns.
- Uma feira - respondem outros.
Os jornais políticos vêm cheios destas fórmulas: «A Câmara ontem deu um espectáculo triste para quem preza os verdadeiros princípios...» «A Câmara está oferecendo a prova da sua falta de independência...» «A Câmara salta por cima dos princípios mais rudimentares da administração.»
- O parlamento é uma vergonha - diz-se nos cafés.
- Vamos aos touros! - exclama-se nas galerias (textual).
- Amanhã há escândalo! - murmura-se na véspera das sessões.
Fazem-se-lhe epigramas, põem-se-lhe alcunhas. Os folhetins escarnecem-na; os jornais de notícias contam com uma singeleza dramática: «Ontem a sessão passou-se em injúrias pessoais.»
Um grande escritor, que é também um grande carácter, chamou-lhe: «Lupanar!». O dito julgado justo, e coberto de aplausos, é sempre citado.»