sábado, 20 de junho de 2009

UM IMENSO ADEUS


«Mas uma noite o meu cansaço foi maior e não vieste. Como me irrita dizer tão grosseiramente o que ultrapassava tanto esses terrenos vulgares que acompanham as deslocações humanas. Vir. Na verdade o problema era vir. Eu sabia que não vinhas, que nunca mais virias. Mas no entanto às vezes estavas e de outras vezes não estavas. Vir? Chegamos a perder o sentido às condições mais vulgares. De repente a tua pessoa ausente sofreu um eclipse invulgar como se ela própria tivesse escurecido. Voltavas a desaparecer sem que tivesses realmente aparecido. E tudo pelo efeito imenso dos teus olhos que me enchiam não só a memória como o quarto, o quarto real com as suas cadeiras, a cama, as paredes, o tecto, a minha mala. Os teus desmesurados olhos. Ainda que te encontre, às vezes, já hoje não sei a cor que os teus olhos têm. Sim, já me esqueci dos teus olhos ao ponto de vê-los e me deixarem insensível. Insensível...oh não, já exprimem tão mal o amor, as palavras, como a morte do amor.»