sexta-feira, 27 de março de 2009

UM IMENSO ADEUS


«- Mas o Governo não será obrigado por vezes, para bem da Nação, a governar contra a opinião pública? Não terá razão Eugénio d'Ors quando define e proclama a necessidade, em certas épocas históricas, da política de missão, aquela que procura salvar o povo contra si próprio?
- Sem dúvida - concorda Salazar -. Sobretudo quando se trata da falsa opinião pública, duma opinião pública levianamente formada, ocasional, caprichosa, filha de interesses momentâneos. A disciplina financeira que foi necessário impor no começo da ditadura pode servir-nos, ao mesmo tempo, para demonstrar a necessidade de ter o acordo da opinião pública e a necessidade de ir contra ela. Sem uma opinião pública superior não se poderia ter, certamente, equilibrado o orçamento, porque os sacrifícios pedidos, exigidos, foram grandes; mas, quantas vezes, não foi preciso evitá-la, contrariá-la nesta ou naquela medida mais violenta! Sobretudo, os governos nunca se devem escravizar à opinião das massas, sempre inferior e muito diferente da opinião pública da Nação. Em resumo, a opinião pública é indispensável ao governo dos povos, constitui, por vezes, um grande estimulante, mas nunca se pode perder, a bem da sua própria saúde, o controlo da sua formação.»