quarta-feira, 12 de novembro de 2008

NÓS, MODESTOS GÉNIOS


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Nós, os génios, somos poucos e com tendência para acabar. Este aqui ao lado, como sabem, já morreu. E, para além de mim e do Miguel Esteves Cardoso, quantos restam?
Por isso, acho importante que deixemos rasto da nossa passagem no meio da massa ignara. Foi o que fez o MEC em entrevista à revista 'LER'. Ora leiam:
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P.- Lembra-se do primeiro livro desse index que leu à socapa?
MEC - Lembro. No Mark Twain, no 'Tom Sawyer', havia a coisa da fuga...
P. - Leu isso muito pequeno?
MEC - Sim. Aos quatro, cinco anos.
P. - Aos quatro anos já lia?
MEC - Toda a gente lê. Sim, eu li desde muito cedo. Não sei se aos quatro. Aos cinco, seis. Não sei. Muito novo. E lembro-me de sentir que a literatura fala de coisas em que os vilões, pessoas maldosas, são heróis que nós admiramos. Ou o Oscar Wilde...
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Admito que, nesta altura, alguns vilões, pessoas maldosas, esbocem um sorriso incrédulo e cínico. Fazem mal. E para o provar, aqui deixo testemunho da minha própria experiência: aos quatro anos, li, em russo, «Os Irmãos Karamazov», de Dostoievski, aos cinco anos li, em alemão, «Para a Genealogia da Moral», de Nietzsche e aos seis anos, na minha primeira redacção na escola primária, dissertei sobre 'Os peixes, os índios e os judeus na obra do padre António Vieira'.
E o professor Martinho só não me deu 20 valores porque dei dois miseráveis erros de ortografia: escrevi génio com «j» e mentiroso com «z».
Acontece aos melhores, até aos génios.
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PM