sábado, 2 de agosto de 2008

CUIDADO COM A LÍNGUA

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Disse e repito que o acordo ortográfico, recentemente ratificado pelos cinzentões do costume com assento na Assembleia da República e promulgado pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, esse vulto incontornável da cultura portuguesa pelo simples facto de ter sido o primeiro-ministro do Governo que impediu que o livro de José Saramago «O Evangelho Segundo Jesus Cristo» se candidatasse ao Prémio Europeu de Literatura, o acordo ortográfico, dizia, não aquece nem arrefece muito a banalidade do meu dia-a-dia.



Como já não tenho idade para voltar à escola primária nem estou interessado em prestar provas de 'português técnico' em qualquer universidade independente que me possa aparecer pela frente, continuarei, impávido e sereno, a usar a ortografia a que estou habituado e talvez nem valha a pena comprar mais um dicionário para juntar aos meus 'Academia' e 'Houaiss'.



Não sei se a ratificação do acordo foi uma cedência ao emergente 'imperialismo' brasileiro. Mas sei que há por aí outros 'imperialismos' que, com acordo ou sem acordo, lá vão entrando pelo 'Allgarve' ou pela 'West Coast' e colonizando o português de Portugal e do Brasil.



João Ubaldo Ribeiro, escritor brasileiro e o mais recente 'Prémio Camões', em declarações à revista 'Visão', sobre os caminhos da língua portuguesa afirmou:

«Não estamos no bom caminho. Vocês em Portugal se comportam com mais dignidade. E se recusam a se curvar, da mesma forma subserviente que nós, à influência americana».

«O problema é que a nossa língua está indo embora, e com ela a nossa maneira de pensar e de ver o mundo. A língua portuguesa já começa a revelar-se insuficiente para atender às demandas tecnológicas e até filosóficas».



A propósito e para acabar: o 'Expresso' vai oferecer, nas próximas quatro semanas, quatro livros com o título (em letras garrafais) «TRAIN YOUR BRAIN» e, por baixo (em letras de contrato de seguradora) 'Exercite a Mente'.



Não seria adequada uma intervenção da Associação 'NÃO APAGUEM A MEMÓRIA' para evitar que a língua portuguesa tenha o mesmo destino da sede da pide?

PM