O senhor Ventura não é fascista
Como Marine Le Pen, André Ventura não é fascista. Já não se usa. O senhor Ventura é outra coisa: é de extrema-direita.
Como se ao não dizermos “extrema-direita” ninguém reparasse e ninguém votasse neles. André Ventura fez o seu caminho, com a ajuda de Pedro Passos Coelho, do PSD e da televisão do Correio da Manhã, e chegou ao Parlamento. Não vale a pena fazer de conta. Ventura é populista? Podemos dizer que sim. Mas se nos anos 1980 Cavaco Silva tinha um discurso “nacional e populista”, como é hoje consensual, dizer que Ventura é “populista” é pouco. Por alguma razão, quando foi a Madrid, teve uma reunião com o Vox, o partido de extrema-direita espanhol, e não com o Partido Popular. Do mesmo modo que no programa do Chega diz que a União Europeia está tomada pelo “marxismo cultural” e todas as suas propostas são de aproximação ao Grupo de Visegrado, onde está a Hungria, de Viktor Orbán, símbolo da eufemística nova “direita iliberal”.
Bárbara Reis
Público