A primeira preocupação dos políticos menores é com a sua imagem. Montenegro, com a sua reduzida dimensão política, não podia fugir à regra. Ameaçado por uma calvície em progressão acelerada que poderia moderar o apetite, sobretudo, das eleitoras, o homenzinho decidiu povoar o crânio com uma farta cabeleira, daquelas de causar inveja ao José Cid e ao João Miguel Tavares.Nada tenho contra os gostos capilares do chefe supremo dos laranjiques, obviamente.
Porém, resolvido o momentoso problema do aspecto exterior da cabeça, seria de esperar que o pupilo desse grande estadista, agora com ar de 'skinhead', chamado Passos Coelho, começasse a preocupar-se com o conteúdo do lado interior da cabeça onde, diz a ciência, se aloja um órgão que dá pelo nome de cérebro. Nada. Esperança perdida. O espaço continua virgem de ideias, um deserto, talvez à espera que o filósofo francês, Gilles Lipovetsky, autor de "A Era do Vazio", se interesse pelo caso e, por ele inspirado, escreva um novo ensaio, desta vez tendo por título "O Espaço do Vazio". O Montenegro merece essa homenagem.
