quarta-feira, 14 de setembro de 2022

GODARD, ELIZABETH E OS CRITÉRIOS DOS PRODUTORES DE CONTEÚDOS, INJUSTAMENTE APELIDADOS DE JORNALISTAS

"O mundo está fascinado com a morte de Elizabeth. Nunca a morte de um político, mais ainda quem tivesse representado o seu povo por eleição, recebeu tal atenção. O universo mediático, que é onde respiramos, inunda-nos de imagens celebratórias deste funeral ao longo de uma dezena de dias, incluindo solenidades em catadupa e insistentes demonstrações de ansiedade e devoção de populares e dignitários.

(...)

"E morreu Godard. Não terá tantos dias de exéquias, o caixão não viajará de palácio em palácio, faltarão as missas compungidas, a Comunidade de Madrid não declarará três dias de luto, não haverá bandeira a meia haste por esse mundo fora, não virão chefes de Estado fazer-se fotografar no funeral, nem será transmitido em direto, faltarão as notas oficiosas e oficiais que não serão publicadas pelas diversas chancelarias. No entanto, Godard marcou mais o nosso tempo do que Elizabeth."

Francisco Louçã  (Expresso)