sábado, 10 de abril de 2021

UM MUNDO COR DE ROSA


Sócrates vai a julgamento por branqueamento e outros crimes

O antigo primeiro-ministro José Sócrates e o empresário Carlos Santos Silva vão a julgamento no processo Operação Marquês por branqueamento de capitais e outros crimes.

Em causa estão 1,72 milhões de euros entregues pelo empresário e alegado testa-de-ferro a Sócrates, que, segundo a decisão instrutória lida pelo juiz Ivo Rosa no Campus da Justiça, em Lisboa, implicam três crimes de branqueamento de capitais, muito embora já tenha prescrito a corrupção subjacente a estes delitos. 

Além do branqueamento de capitais, Sócrates e Santos Silva vão ser pronunciados por três crimes de falsificação de documentos. Ivo Rosa decidiu, no entanto, não pronunciar José Sócrates por crimes de fraude fiscal.

O magistrado defende que existia matéria para que José Sócrates fosse julgado pelo crime de corrupção passiva sem demonstração de acto concreto, não se desse o caso de este delito já ter prescrito. Entende, no entanto, que o antigo primeiro-ministro e o seu amigo Carlos Santos Silva devem ser julgados por lavagem de dinheiro, por causa das “manobras utilizadas” em pagamentos da ordem de mais de 1,7 milhões - que Sócrates usou para despesas da sua vida pessoal, como por exemplo férias.

“Mostra-se indiciado que existem entregas em dinheiro e pagamentos de 1,7 milhões de euros. No entanto, não se sabe o motivo das entregas de dinheiro, mas indiciam a aquisição de vantagem patrimonial. As entregas em numerário tinham como objectivo a compra de simpatia.” 

Quanto à origem do dinheiro, que Sócrates alegava pertencer à mãe, o juiz diz que os movimentos não batem certo: “A credibilidade das justificações avançadas por Sócrates sobre a origem do dinheiro vivo, que teria sido dado pela mãe, não são válidas”. 

Esta verba foi também usada na compra de livros, obras de arte, pagamentos de viagens à ex-mulher de Sócrates e ao filho, referiu o juiz de instrução.

Público