segunda-feira, 26 de outubro de 2020

O LIVRO COMO PATRIMÓNIO


 Estamos, diz-se, a chegar ao fim da era do livro. E não porque os livros deixaram ou deixarão de existir de uma hora para outra, no período histórico das nossas vidas: esperamos que eles se continuem a escrever e a ler, a publicar, a apoiar e a conservar por longo tempo. O que acontece, porém, é que, quer como artefactos, quer como transmissores de uma determinada conceptualização moral da vida, os livros deixaram de representar, como defendia George Steiner já nos anos 60 do século passado, o principal foco de energia da nossa civilização. Nessa função, o livro foi substituído pelo ecrã. Efetivamente, cada um de nós passa hoje mais tempo diante de um ecrã que diante de um livro.

José Tolentino Mendonça 

E/Expresso