Descrédito total: sete empréstimos em que a Caixa perdeu tudo
A auditoria da EY à Caixa Geral de Depósitos (CGD) revela, no relatório preliminar que data de dezembro de 2017, que em pelo menos sete créditos de risco a administração do banco decidiu dar como perdida a totalidade do valor em dívida. Em causa estão 296,5 milhões de euros, ou seja, 10% da carteira de crédito do banco estatal que a EY analisou em pormenor.
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Alguns dos créditos pelos quais a CGD constituiu imparidades a 100% são já conhecidos. É o caso de uma dívida de 138,3 milhões de euros que a Investifino, do empresário Manuel Fino, tinha em 2015, relativa a empréstimos da Caixa que se iniciaram uma década antes e que serviram para aquela empresa comprar ações da Cimpor e, a partir de 2007, do BCP.
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O segundo maior crédito dado pela Caixa como totalmente perdido foi um empréstimo de 89,2 milhões de euros à Jupiter SGPS, uma holding que foi controlada até 2009 pelo grupo Imatosgil. Este grupo, da família Matos Gil, liderou a espanhola La Seda de Barcelona, fabricante de referência de matéria-prima para embalagens de plástico.
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Mas houve outros empréstimos em que o banco estatal acabou por perder dinheiro, reconhecendo nas suas contas perdas equivalentes a 100% do valor em dívida. Foi o caso de 44,3 milhões de euros financiados à sociedade Always Special, holding da família Barroca Rodrigues (dona da construtora Lena).
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Também na lista de créditos de risco está a Lena Construções, que em 2015 representava para a Caixa uma exposição de 48,7 milhões de euros, e tinha até essa altura gerado perdas de 18,3 milhões para o banco estatal (imparidades a 37,5%).
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Do leque de créditos que em 2015 tinham sido considerados como totalmente perdidos pela CGD faziam parte dois empréstimos ao banqueiro Horácio Roque: 8,7 milhões para a Fundação Horácio Roque e 12,5 milhões para a Soil SGPS, uma sociedade instalada na Zona Franca da Madeira e que está desde 2017 em liquidação.
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O relatório preliminar da EY lista ainda dois outros créditos com risco para a CGD, mas de montante menor, que a Caixa imparizou a 100%. Foram os casos de uma dívida de 3 milhões de euros da construtora bracarense FDO e ainda meio milhão de euros da empresa de calçado Fercal.
Expresso