segunda-feira, 21 de março de 2016

POESIA, POESIA…



QUE OUVI CANTAR EM PEQUENITO,
RÚTILA COMO O SOL DO MEIO DIA,
ÉS A MÃE  DO RISO E DA ALEGRIA
DEDILHADA NA HARPA  DO INFINITO.

BRILHAS MAIS DO QUE UM COMETA,
MUITO MAIS VELOZ QUE O PENSAMENTO
E, NUM  INSTANTE, SÓ PAIRAS UM MOMENTO
SOBRE QUEM TE AMA E TE OBEDECE.

POR TROMBETAS ME FOSTE ANUNCIADA
NAQUELE DIA JÁ DISTANTE EM QUE NASCI
E, MAIS  DO QUE AOS DEUSES,
FOI A TI QUE ME RENDI
À HORA CERTA DA VERDADE INTEIRA!

- CAMINHEI, CAMINHEI E AINDA TE PROCURO…
QUE SEJA NA HORA DA VERDADE,
NA HORA DAS DESORAS E JÁ MUDO
EU POSSA DIZER-TE QUE TE AMEI!


OH! MINHA MÃE, MÃE IGUAL À LIBERDADE,
QUE SEJA NESSA HORA, QUE SÓ MINHA,
EU POSSA VER-TE, OH! FUGIDIA AMANTE,
OH! ESTRELA LONGINQUA DOS ESPAÇOS
QUE ME TOCA SEM PODER CINGIR-TE!
OH! POESIA, POESIA, OH! POESIA,
FICARÁS COM AS CRIANÇAS
NESTA CHEIROSA PRIMAVERA:

- EU SÓ QUERO UM NOCTURNO DE CHOPIN,
UMA MARCHA NUPCIAL E UMA VALQUIRIA,
UM HINO DE LOUVOR E GRAÇAS
PORQUE EM TI EU ME PERDI SEM TE ENCONTRAR!

EU SÓ QUERO QUE ME BEIJES OS ROXOS LÁBIOS FRIOS,
EU SÓ QUERO QUE SORRIAS NESTA HORA,
OH! DEUSA INOMINADA DENTRO DOS MEUS OLHOS VIDRADOS,
CARINHOSAMENTE, DERRADEIRAMENTE
REZA- ME UMA PRECE, AO MENOS,
AQUELA PRECE A UM POETA QUE TE AMOU,
QUE POR TI E A TI SE ENTREGOU,
UM ADEUS, UMA FLOR NA DESPEDIDA,
PORQUE EU SOU FINITO E TU INTEMPORAL!

Daniel Nobre Mendes

                                                                            
                                                   BIBLIOTECA MUNICIPAL JOSÉ SARAMAGO, BEJA