segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

UM YUPPIE BÁSICO

«É ridículo ver como alguns partidos de esquerda relacionam a direita com a cultura. De uma forma básica, reduzem qualquer membro de um governo PSD ou CDS a indigente cultural. Este estereótipo, de que Cavaco Silva foi vítima continuada, regressou agora em força com o caso dos Mirós do BPN.»
Ora aí temos uma forma básica utilizada por Ricardo Costa, director do 'Expresso', para, de forma aparentemente salomónica, deitar um pingo de fel sobre a esquerda e um pingo de mel sobre a direita. A isto se chama 'independência'...
E foi particularmente feliz com o exemplo escolhido como vítima do basismo da esquerda - Cavaco Silva.
Sim, porque se a esquerda não fosse básica, não se ria pelo facto de Cavaco não saber o número de cantos de 'Os Lusíadas'.
Sim, esses básicos de esquerda até se deram ao trabalho de assinalar que há uma diferençazinha entre Thomas Mann e Thomas Moore.
Sim, só por basismo a esquerda pode criticar o chefe do governo que vetou a candidatura de um livro de Saramago ao Prémio Europeu de Literatura.
Costa tem razão: uma esquerda civilizada, elitista e de salão nunca fazeria notar que na cavacal cabecinha, cheia de números e cifrões, existe um sinal de 'trânsito proibido' para todo e qualquer livro que não seja de contabilidade.