quarta-feira, 23 de março de 2011

DE OUTROS

«A preguiça, a indiferença e, até, a cobardia podem explicar as razões por que chegámos aonde estamos. Ainda conseguimos concentrar energias para encher praças e avenidas com os nossos protestos. Não têm servido para muito. A democracia portuguesa está reduzida a um funcionamento processual, que limitou, dramaticamente, os horizontes das nossas escolhas, dos nossos valores e dos nossos sonhos. Recalcitramos, mas de muito pouco nos vale.

No tempo do fascismo os estribilhos eram, entre outros: "Quem manda?", "Salazar! Salazar! Salazar!" E as respostas, em forma de certezas inabaláveis: "Quem viva?", "Portugal! Portugal! Portugal!" Simultaneamente, a submissão, e o seu suporte simbólico. São os netos de Salazar que se encontram no poder. O sentido de pluralidade, que dá corpo e razão à democracia, foi abreviado pela homogeneidade e pela unificação de interesses do PS e do PSD. A queda do Governo é, apenas, o episódio comezinho da substituição de rabos nas cadeiras.»

Baptista-Bastos

DN