«A política tornou-se num nojo. Talvez sempre tenha sido. Mesmo antes de Maquiavel. Eu porém fui formada num tempo em que a política trazia consequências.
Perdoem-me o desabafo, mas é que venho de uma família que passou pelo Hospital de Caxias e pelo Forte de Peniche.
Longe de mim apologizar os good old times. Verdade, verdadinha é que só quando as coisas apertam é que dá para perceber a qualidade dos bichos.
Vem isto a propósito do número das escutas à Presidência. Um plot de quinta categoria cujo timing noticioso não podia ser mais óbvio.
Até ao dia das eleições não se prevêem melhoras no argumento. Será o vale tudo. Mas o que devia sublinhar-se é que, apesar da luta ser de morte, todos irão sobreviver após 27 de Setembro. Com mais tacho ou menos tacho. Com mais jobs ou menos jobs. Ao menos, no tempo em que a política trazia consequências, o risco sempre era sério. E a sério.
Nos dias que correm apoia-se a destruição de um país porque uns tipos inventaram que nele se escondiam armas de destruição maciça e ainda se é reeleito. Presidente da Comunidade Europeia, que não fazem a coisa por menos. Com os votos do PSD somados aos do PS.
Ora vão todos bardamerda e enfiem as vossas escutas num sítio que eu cá sei! E excuse my french.»
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Texto do blogue 'MEDITAÇÃO NA PASTELARIA'
Foto da exposição 'O OLHO DO CU', no Museu de Serralves