terça-feira, 13 de junho de 2023

O NACIONAL-PORQUISMO EM ACÇÃO


Não me parece nem particularmente inspirado nem especialmente grave um cartaz que apresenta o sô Costa com um nariz 'à Chega'. Pelo menos desde a 'Política: a Grande Porca', de Rafael Bordalo Pinheiro, caricatura que data de 1900, o zoomorfismo é uma técnica utilizada com uma certa frequência para retratar alguns figurões que, momentaneamente, chamam a si as luzes da ribalta. Tenho até por adequado que, por exemplo, os ministros que pretendem guetizar os fumadores sejam equiparados a burros em crise de inspiração.

Já a beiçola, gorda e puxada à frente, que, aliás, não é característica física do retratado, é mais grave por conter uma mensagem racista subliminar. Para um racista, cidadão que não tenha as características físicas de um ariano deve ser apontado a dedo, tenha ele as suas raízes na Europa do sul, em África ou no Indostão.

Absolutamente intolerável é a mensagem de ódio  contida nos lápis que perfuram os olhos do chefe do governo da galambonça. É um apelo à violência mais primária tão querida aos nazis que por aí pululam, e onde se chega quando se reconhece, ingenuamente, o estatuto de cidade a monstros que apenas morfologicamente se parecem com os humanos.

O facto de o cartaz, de uma baixeza inaudita, ser da autoria de um professor e de ser admitido numa manifestação de professores (à partida legítima) deve alertar-nos para o nível das nossas elites. Sim, se hoje, os professores, ou pelo menos alguns deles, são assim, como serão, um dia, os seus alunos?