terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

PREGAR NO DESERTO

 


O mundo depois da invasão russa mudou completamente, em particular a sensação de risco de guerra que induz tanto o medo como a vontade de resistir. Em Portugal, como em muitos outros países, a condenação da invasão é quase unânime e não é fruto da propaganda “ocidental” nem da desinformação. É isso, por exemplo, que num clima da contestação social impede o PCP de recuperar o que perdeu, porque o apoio, enviesado que seja, à invasão é um forte anátema junto da opinião pública, mesmo para muitos militantes do PCP. Acresce que não há nenhuma fidelidade a “princípios” que justifique a atitude ambígua face à invasão, e isto é um eufemismo, a Rússia de Putin é uma versão autocrática e imperial, eslavófila, e a ideia da Eurásia versus “Ocidente” é muito parecida com a de “espaço vital” hitleriano. Ambas têm em comum uma afirmação de valores entre o paganismo e a ortodoxia, contra a decadência do “Ocidente”, dito de outras maneiras, contra as democracias.

José Pacheco Pereira

Público