quarta-feira, 2 de março de 2022

PUTIN E OUTROS NEOFASCISTAS

"Perante um acto terrorista – a invasão da Ucrânia foi um acto de terrorismo internacional —, mostrar fraqueza é abrir o flanco a mais violência, incitar a acções de maior terror e maior poder destrutivo. Os responsáveis pelas democracias deixaram-se enganar pela retórica de Putin, que ora ameaçava com a guerra ora parecia adoptar o próprio discurso dos europeus e americanos – que propunham negociações em nome da tolerância, da sinceridade do diálogo, dos valores universais da paz e da liberdade. Valores que nada valem para Putin.

Os políticos ocidentais foram enganados como o são todos os dias nos seus próprios países pelo discurso extremista dos populistas de direita (que se reclamam da democracia). Os valores e princípios da democracia nada valem para Trump, nem para Orbán ou Marine Le Pen. Isto é, a atitude, passiva e fraca, dos democratas perante a Rússia imperialista do autocrata Putin foi a mesma que costumam adoptar na política interna, quando defrontam a extrema-direita neofascista. Expõem ao inimigo — que o aproveita logo — o “ponto cego”, a velha falha da democracia, que a deixa em perigo de vida, aberta ao populismo e à demagogia. Neste sentido, esta guerra da Ucrânia constitui um revelador terrível da doença das democracias."

José Gil
Público